É de louvar todo aquele, que, com equidade faz bom uso do
espírito crítico e com sabedoria analisa todo o conteúdo tanto daquilo que vê,
ouve ou lê, pois quem assim procede, prudentemente a si mesmo se conduz e dificilmente
será um tropeço para o seu semelhante.
O próprio apóstolo S. João aconselha-nos: “Amados, não
creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já
muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”. I João 4:’7.
Também o rei David, num dos seus salmos nos exorta: “Provai e
vede que o Senhor é bom”. Salmo 34:10. No contexto do salmo o rei é específico
aos nos incitar a que façamos uso consciente e ousado da nossa aptidão natural
de questionar. No entanto, supera todas as expectativas, quando é o próprio
Deus a lançar-nos o desafio: “Fazei prova de mim”. Malq; 3:10.
É tranquilizador saber que o criador do universo não se
ofende com as nossas questões e dúvidas, nem tão pouco nos despreza por isso.
Creio a indiferença ser um dos piores inimigos do ser humano, ela opõe-se directamente
a Deus, é como diz a escritura: “Assim porque és morno e não és frio nem
quente, vomitar-te-ei da minha boca.” Apoc 3:1.
Certamente Deus agrada-se daqueles que fazem prova dele, pois
mostram claramente, que não estão buscando algo que seja do imaginário humano.
Durante o período quaresmal, escrevi uma série de artigos,
todos eles centralizados na pessoa de Deus e no seu filho Jesus Cristo, nos
quais creio piamente, mas creio ser oportuno respeitar quem não seja tão
crédulo e vestir sua pele, estimulando-o a fazer bom uso da razão.
Vou citar apenas alguns exemplos: o Sr. Augusto Cury é
psiquiatra, psicoterapeuta, cientista e escritor, certamente muitos dos seus
livros são conhecidos dos leitores do DI, assim como alguns exemplares fazem
também parte da minha colecção pessoal e muito contribuíram para a formação
daquilo que sou hoje.
O ser humano é dotado de inteligência e capacidade de
raciocínio, por isso não se deve acomodar àquilo que sempre creu, nem refutar
tudo o que ouve sem que antes o examine.
O Sr. Cury é um verdadeiro exemplo de alguém que é honesto
consigo próprio, era ateu por convicção e um dia decidiu provar ao mundo,
através dos próprios evangelhos, que Jesus Cristo era uma fraude, um embuste
fruto do imaginário humano, para surpresa sua, ao fazer uma profunda análise à
mente de Cristo, conforme descrita nas suas biografias, chegou à brilhante
conclusão: “é impossível à mente humana conceber tal personagem!”.
Hoje este cientista e escritor é um grande divulgador do
Homem que revolucionou o mundo com a sua doutrina, e confessa que a ciência
ainda é uma criança ao negligenciar um estudo profundo à sua inteligência.
De nós cristãos, o Homem de Nazaré é digno de algo muito mais
sublime do que uma simples religiosidade aparente, deveríamos ser um pouco mais
inteligentes na devoção que prestamos àquele que é o criador de todo o
universo.
Há alguns séculos atrás, um jovem sacerdote chamado Martinho
Lutero, inconformado com a sua religiosidade, abalou o mundo e a igreja, porque
ousou experimentar Deus. Naquela época estava instalado o reino das trevas, a
leitura da Bíblia era proibida, as missas eram oficiadas em latim, que só o
clero entendia e havia a chamada “santa inquisição” que se incumbia de
silenciar todo aquele que ousasse discordar da “santa madre igreja”. Este homem
foi incompreendido e perseguido, e por pouco escapou às santas fogueiras.
Enquanto exilado, protegido por um príncipe traduziu a Bíblia
para a língua do povo e foi pioneira na imprensa tão recentemente inventada. As
escrituras, que até então eram desconhecidas, passaram a ser o livro texto nas
escolas e desta forma uma revolução espiritual propagou-se no centro da Europa
de forma tal, que ainda hoje pela graça de Deus sentimos seus efeitos.
Um outro personagem que me encanta é o apóstolo S. Paulo que
antes de se converter chamava-se Saulo. Era homem de profundas convicções e de
cego zelo religioso, perseguira a igreja de Cristo com todas as suas forças e
certo dia obtendo mandatos de captura, dirigiu-se para Damasco afim de prender
todos quantos pertencessem à seita do Nazareno, mas ao chegar perto da cidade
um resplendor o cercou subitamente vindo do céu e caiu por terra, aí ouviu uma
voz que lhe dizia: “Saulo, Saulo porque me persegues?” e ele disse ”Quem és
Senhor?” e disse o Senhor: “Eu sou Jesus a quem tu persegues.” Actos 9:3-6.
S. Paulo era homem de fervor religioso cego, não se
questionava, estava tão certo daquilo em que acreditava, que todo aquele que
não pensasse da mesma forma, era um alvo a abater, mas ao ser confrontado com o
Senhor da glória rendeu-se.
Gastou o resto da sua vida servindo a igreja e o seu Senhor
que antes perseguia, foi perseguido e acabou os seus dias numa prisão até que
foi morto.
Estes são apenas alguns exemplos de homens que se
confrontaram com uma realidade superior à deles, não se convenceram, mas foram
convencidos de que a realidade da sua existência estava dependente de outra
realidade que não é mitológica.
Não foi o Homem quem inventou Deus, nem tão pouco através da
religião ele consegue reconciliar-se com Ele, mas é Deus que em Cristo
reconcilia o ser humano com o seu Criador.
Ao contrário dos deuses mitológicos, o nosso Deus é real, em
Cristo torna-se visível e palpável, quer que o amemos com todo o nosso coração,
com todas as nossas forças, mas também com todo o nosso entendimento, pois a
sua essência é o amor. I Jo 4:8.
O nosso Deus pode parecer complexo, mas na verdade é tão
simples e acessível como o é Jesus, manso e humilde de coração, o seu jugo não
é pesado e o seu fardo é leve e amorosamente nos convida: “vinde a mim todos os
que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” MT 11:28.
Fazei prova de mim, diz o Senhor. Embora o contexto actual
seja diferente daquele em que viveu Malaquias, o desafio de Deus propaga-se no
tempo e chega até nós. O mundo está cheio de religião, mas Deus está buscando
homens e mulheres que em meio às provações possam dizer como o patriarca Job:
“Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a
terra. E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne verei Deus.
Vê-lo-ei por mim mesmo, e os meus olhos e não outros o verão.” Job. 19:25-27.
Glória a Deus por isso meu irmão!
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