Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas
grandes e firmes, que não sabes. Gr 33:3.
As posições parecem terem-se invertido, o povo já não mais
buscava a Deus para obter misericórdia e orientação, mas é o Senhor que através
do profeta Jeremias, incentiva o povo a reconsiderar a sua situação espiritual,
clamando para que o busquem, porque quer anunciar-lhes coisas grandes e firmes
que eles desconhecem.
Por mais que me esforce, a frustração de Deus em relação ao
ser humano, está para além da minha compreensão, pois ela é imensa, pois já
nada era mais como no princípio, o ser criado adulterara por completo os seus
propósitos. O Todo Poderoso ao concluir a sua obra disse: “Eis que tudo é muito
bom.” Gr 1:31.
Na verdade tudo se relacionava na perfeição, a harmonia
existente entre criador e criatura era tal que nem se percebia a diferença
entre os seres, na realidade o ser criado era conforme a imagem e semelhança
daquele que o criou. Mas certo dia aquela rotina amistosa e paradisíaca foi
quebrada, e o caus instalou-se, porque uma voz estranha se fez ouvir no Éden,
que ardilosamente levou os nossos antepassados a transgredirem a ordem do seu
Deus, e aquilo que a princípio parecia agradável aos olhos e desejável para dar
entendimento, fez com que os nossos primeiros pais temessem Aquele que os amava
acima de toda a criação. Aqui pela primeira vez o criador sentiu a frustração
de um encontro anulado e a necessidade de perguntar: “Adão onde estás?”
Ao longo de toda a história, Deus sempre se empenhou em
estabelecer um relacionamento amistoso com o ser humano, e estou certo de que o
seu empenho não ficou limitado à era Bíblica, ele estende-se até nós e na
oração que Jesus ensinou (o Pai nosso), fica claro que a mais soberana
demonstração daquilo que Deus pretende, é um relacionamento íntimo, contínuo e
com direito de exclusividade.
O clamor de Deus, vem muito a propósito para o nosso tempo,
estamos a viver tempos difíceis a todos os níveis, o mundo parece ter entrado
num beco sem saída e clama por uma resolução que o liberte. Disse G. Washington:
“é impossível governar corretamente o mundo, sem Deus e sem a Bíblia.”
Estão-se a esgotar todas as hipótese e soluções, o mundo não
sabe mais para que lado se virar e à semelhança daquilo que aconteceu no tempo
do profeta Jeremias, Deus certamente está a procurar alguém que pratique a
justiça e busque a verdade para que possa usar de misericórdia e perdão e assim
revelar a sua grandeza, mas infelizmente muitas vezes só o buscamos como último
recurso, ou para proveito próprio.
Não são raras as vezes em que a Santa palavra de Deus nos
adverte seriamente para que sejamos modestos no que diz respeito às coisas
concernentes a esta vida. Disse Jesus: “Não andeis cuidadosos, quanto à vossa
vida, mas buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça e todas as coisas vos
serão acrescentadas. MT 6. Mas no que respeita às coisas espirituais e
verdadeiras, incita-nos a que nos cheguemos a Deus com confiança dizendo: “Pedi
e dar-se-vos-á, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á; porque qualquer que
pede, recebe e quem busca acha; e a quem bate, abrir-se-lhe-á.” Lc 11:9,10.
“Buscai ao Senhor, enquanto se pode achar, invocai-o enquanto
está perto, porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os
vossos caminhos os meus caminhos” – diz o Senhor. “Porque, assim como os céus
são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos que os
vossos caminhos e os meus pensamentos mais altos que os vossos pensamentos.” Is
55:6-9.
Mas no entanto o ser humano é propenso a inverter as
prioridades. Certo dia reclamou Jesus daqueles que o seguiam dizendo: “Na
verdade me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque que comestes do pão
e vos saciastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que
permanece para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque a este,
o Pai, Deus, o selou.” Jo 6:26, 27.
O contexto histórico em que Jesus viveu, era caótico, o povo
Judeu havia perdido a sua identidade como nação, pois estava sob o domínio
romano, já havia alguns séculos que estavam sem profeta, os líderes religiosos
haviam-se corrompido e dividiam-se em algumas fracções, cada qual pensando e
interpretando as escrituras segundo as suas conveniências, por isso até mesmo o
povo não conseguia enxergar algo mais do que o ventre, estabilidade política,
económica e social.
Jesus veio mesmo a propósito, parecia ser mágico,
multiplicava pães e peixes, transformava água em vinho, curava todo o tipo de
enfermidades, expulsava demónios e ressuscitava mortos, o que mais poderiam
desejar, a não ser que ele fosse coroado rei e tudo seria perfeito. Até mesmo
dois dos seus discípulos estavam tão entusiasmados, que queriam sentar-se, um à
direita e outro à esquerda de Jesus no seu reino.
Para nós seres humanos, na verdade, os milagres, as curas, as
expulsões demoníacas e as ressurreições, são coisas grandes e até devemos
considerá-las e estar gratos e louvar o criador por tudo isso, mas para Ele,
todas estas coisas são pequenas e temporais, porque os seus pensamentos e os
seus caminhos são muito mais excelsos.
Actualmente muitos cristãos, infelizmente, pouco divergem do
antepassado povo Judeu contemporâneo do Mestre da Galileia. O que os motiva
quando se deslocam aos sumptuosos santuários, para além de se invocar outros
deuses que não o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo? Com que objectivo alguns
procuram centros de ajuda espiritual e outros curandeiros e bruxos? Certamente
coisas demasiado pequenas e temporais. Dá-se ouvidos a outras vozes e não se
consulta a Santa Bíblia. Busca-se muito mais o proveito próprio do que a
glórias do Altíssimo Deus.
“Clama a mim e responder-te-ei”, é uma promessa também válida
para os cristãos de hoje, se tão somente formos capazes de praticar a justiça e
buscar as verdades eternas. Infelizmente na maioria dos casos somos religiosos
frustrados, contentando-nos com as míseras migalhas que o inimigo oferece
disfarçado de anjo.
Apropriadamente escreve o apóstolo Tiago: “Cobiçais e nada
tendes, e nada tendes porque nada pedis; pedis e não recebeis, porque pedis
mal, para o gastardes em vossos deleites.” Tg 4:2,3.
Coisas grandes e firmes são aquelas que o olho não viu, e o
ouvido não ouviu e que jamais subiram ao coração humano, essas mesmas são as
que Deus preparou para aqueles que o amam. “Porque nos são reveladas pelo seu
Espírito que penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.” I Cor
2:9,10.
A sua avaliação não pode estar sujeita ao critério dos
homens, mas unicamente ao padrão Divino.
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