terça-feira, 15 de abril de 2014

“Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”

O termo “construção” é algo com que estamos familiarizados e as pessoas da minha geração, que passaram pela experiência catastrófica do terramoto de 1 de Janeiro de 1980, muito mais. A partir desse evento não se falava de outra coisa a não ser de construção e reconstrução. Apesar da intensidade sísmica do momento sabemos que a causa do ruir de muitas habitações incidia nas suas fundações, no tipo de material usado na edificação ou simplesmente no local onde estavam implantadas. Estou grato a Deus porque nesse nefasto dia tudo parecia querer desabar à minha volta, os muros dos cerrados não se conseguiam conter e a minha velha casinha de barro e pedra, já com três séculos de história, onde vivia com os meus pais e irmãs, toda ela se contorcia, mas por fim resistiu. Qual o segredo? Está edificada sobre uma enorme rocha! Certo dia Jesus disse a um dos Seus discípulos: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mateus 16:18). Entre os Cristãos existe divergência quanto à verdadeira interpretação destas nobres palavras de Cristo e, confesso, seria trabalho facilitado se o meu querido Senhor tivesse sido verbalmente mais explícito e claro na Sua alegoria. O catolicismo defende que o Mestre da Galileia referia-se a Pedro, os não-católicos acham isso um absurdo. Como podemos então chegar a uma correcta conclusão? Jesus conta-nos uma história: “Todo aquele que escuta as minhas palavras e as pratica assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; e desceu a chuva e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.” (Mateus 7:24-25). O apóstolo São Pedro havia feito uma confissão única (“Tu és o Cristo”), para a qual só havia uma explicação. Disse Jesus: “(…) não to revelou a carne e o sangue, mas meu Pai que está nos céus.” (Mateus 16:16-17). Se o que Jesus pretendia dizer em Mateus 16:18 era referente a Pedro, certamente enganou-se no sujeito, porque pouco tempo depois o mesmo estava sendo usado pelo inimigo, ao qual o Mestre repreende, dizendo: “Para trás de mim Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus (…) (Mateus 16:23). Na noite em que Jesus foi julgado, este discípulo impetuoso três vezes negou o seu Senhor (Mateus 26:69-74). Alguns anos mais tarde, o apóstolo Paulo o admoesta severamente pelo pecado de dissimulação (Gálatas 2:11-13). Se realmente Pedro era a pedra sobre a qual Jesus pretendia edificar a Sua Igreja, fracassou redondamente. Até o seu nome é bastante ilustrativo. Pedro, “Petros”, no original grego, significa pedra de pequenas dimensões. Este tipo de pedra tem poucas utilizações úteis, serve para encher paredes, misturar em argamassa e, na pior das hipóteses, pode ser um incómodo no sapato de alguém. Quando Jesus diz: “Sobre esta pedra edificarei a minha igreja”, o termo grego usado para “pedra” é “Petra”, uma forma feminina da palavra “pedra”, que não era um nome próprio. “Petra” significa rocha firme, pedra de largas dimensões, onde se pode realmente construir. Quem era, na verdade, esta pedra? Supormos que a confissão do apóstolo, “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, é a base sobre a qual Jesus pretende edificar, é bem mais razoável. Agora vejamos o que o próprio Pedro diz ser realmente esta “pedra”: “(…) Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós crucificastes (…) é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular.” (Actos 4:10-11). Em sua primeira epístola, referindo-se a uma profecia antiga, escreve: “Pelo que, também, na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal de esquina, eleita e preciosa, e quem nela crer não será confundido. E assim, para vós, os que credes, Cristo é a pedra preciosa” (1 Pedro 2:6-7). Também o apóstolo S. Paulo escreve o seguinte: “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de esquina; no qual, todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual, também, vós, juntamente, sois edificados para morada de Deus em Espírito.” (Efésios 2:20-22). Em relação ao povo israelita escreve o mesmo apóstolo o seguinte: E beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque beberam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo. I coríntios 10:4.

A Igreja do Senhor é um mistério e a sua estrutura é tal que por maior que seja a fé do ser humano, jamais poderá suportar a sua dimensão. Pedro era homem muito falho, Paulo considerava-se miserável, eu nem sou digno de desatar as sandálias de qualquer deles. Só Jesus poderia dizer algo do género, significando de que morte haveria de morrer: “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim” (João 12:32-33). E assim aconteceu! No dia de Pentecostes agregaram-se à Igreja quase três mil almas (Actos 2:41). Mais tarde, muitos dos que ouviram a palavra creram e chegou ao número de quase cinco mil homens (Actos 4:4). Seguidamente, em vários lugares, as igrejas tinham paz e eram edificadas, e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e na consolação do Espírito Santo (Actos 9:31). E, a partir daqui, todos os dias o Senhor tem acrescentado à Igreja aqueles que se hão-de salvar. 


1 comentário:

  1. Deus nos diz para fazer prova Nele , sera podemos fazer sem nós lhe amarmos, como sera a reação Deus com nosco e Ele .

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