terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Por um Natal de verdade

A história do Natal, está muito longe de se poder considerar uma lenda, um conto fantasiado, ou uma mentira bem-intencionada. Também não é uma narrativa fabulosa de origem popular, relatando proezas de um Deus mitológico.
Há algum tempo atrás ouvi alguém dizer: “o único facto histórico do Natal, é o nascimento de Jesus, e todos os restantes relatos bíblicos relacionados com a infância do menino, são uma tentativa dos escritores, darem um sentido religioso a esse facto.”
Cada teólogo é livre de opinar seja o que for, mas todo aquele que estuda as sagradas escrituras e sobre o seu Autor, aconselho que faça uso de prudência, disse Jesus: “Mas eu vos digo que, de toda a palavra ociosa que os homens disserem, hão-de dar conta no dia do juízo. Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado.” MT 12:36, 37.
Nada consegue dar-me maior gozo, do que estudar a santa palavra de Deus, conhecer a Jesus Cristo seu único Filho e falar de toda a verdade que Ele representa, pois disse Ele: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.” João 14:6. Estou consciente da responsabilidade que isto acarreta, tenho que medir bem as minhas palavras, para que não sejam frívolas e irresponsáveis. Já tenho observado cristãos a discutirem e a debaterem-se pelas suas convicções, não os censuro de todo, também em algumas ocasiões fiz algo idêntico, hoje limito-me a falar ou como neste caso a escrever sobre elas.
Estamos em tempo de Natal, é uma festa que consegue mobilizar todas as classes sociais, raças e os mais variados credos religiosos de origem cristã. Quero salientar que apesar da magia envolvente de toda esta época, esta festividade não é bíblica, os cristãos dos primeiros séculos não a celebravam, mas isso não invalida a veracidade dos factos narrados. E é de todo justo que a dada altura a igreja tenha decidido comemorar o nascimento, ou a encarnação do ser mais excelso de todo o universo.
Já são decorridos alguns séculos, desde que tudo começou, o Natal tem vindo a degenerar-se, passou a ser uma festa que em muito favorece o comércio, e está tão desvinculada do seu sentido cristão original, que até mesmo políticos ateus confessos, conseguem fazer passar as suas mensagens de Boas Festas através dos órgãos de comunicação social.
O que dizer daquele personagem de fato vermelho e barbas brancas que é o encanto das crianças, é o mito que se desloca no espaço, num trenó puxado por renas a fim de deixar as prendas através das chaminés nos sapatinhos dos meninos bem comportados, roubando desta forma a honra não só a Deus que tudo concede, como também aqueles pais que durante o ano inteiro trabalharam arduamente para ganharem o sustento da família e naquele dia lembrado presentearem os seus filhos com algo diferente. O Natal para ser mágico não necessita de estar envolto por mitos, lendas e mentiras por mais inocentes que pareçam. A magia do Natal foi muito bem expressa pela multidão dos exércitos celestiais, que em louvor diziam: “Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens.” Lc 2:13, 14. Isto quer dizer que Deus em sua misericórdia, em vez de condenar o mundo por causa dos seus pecados, decidiu oferecer o seu único Filho para o poder resgatar.
O Natal também ganhou o estatuto de festa da família. Eu pergunto: desculpem-me, mas o Natal é a festa de quem? Eu ficaria muito triste, se no dia do meu aniversário, a minha casa estivesse cheia de gente, e fosse eu o único elemento não convidado. Infelizmente na maioria dos casos o Natal de hoje é apenas isto: na grande noite famílias inteiras reúnem-se em volta de uma mesa, bem recheada de todas as iguarias, comem, bebem, folgam, trocam prendas mas esquecem-se do aniversariante. Faço outra pergunta: quantas famílias na noite de Natal, antes de se banquetearem, fazem um pequeno discursos relembrando o aniversariante ou no mínimo uma oração de ação de graças?
Sou pai, meus filhos hoje já são adultos, mas quando crianças, por causa das dificuldades da vida, tanto eu como a minha esposa, nem sempre lhes pudemos comprar o que gostariam de possuir, muitos dos brinquedos da infância deles, eram de segunda mão, oferecidos por amigos nossos que tinham filhos mais velhos, mas do melhor que possuíamos investimos neles com todo o empenho, como o semeador quando lança a semente à terra e espera colher dela o seu fruto. Eram bem crianças, ainda nem sabiam ler, gostavam muito de sentarem-se no meu colo enquanto eu preparava alguns estudos bíblicos, e assim começaram a familiarizarem-se com o conteúdo sagrado, foi-lhes ensinado o catecismo e do melhor que sabíamos tudo lhes foi transmitido até hoje.
Os nossos filhos não são os melhores do mundo, mas são tudo aquilo que investimos neles, por isso no mínimo são tão imperfeitos quanto os seus pais.
O mundo pode ser muito bem melhor, se todos nós investirmos nos nossos filhos tudo aquilo que é verdadeiro, puro, santo e agradável a Deus. Façamos como o criador do universo, Ele investiu o melhor que possuía o seu Filho único para que pudéssemos ter esperança.

Natal é sobretudo mensagem de esperança, amor, perdão de pecados e de vida eterna. Que possamos neste ano fazer de Jesus o centro das atenções, que as famílias possam reunir-se à volta da mesa não desprezando o mais importante elemento da festa, o Emanuel, que quer dizer: “Deus connosco.” MT 1:23.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O terceiro advento

Em texto anterior, referi-me aos dois grandes adventos históricos, sendo que o primeiro deles, teve como evento o nascimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Tal acontecimento não só marcou a história como também a dividiu.
Quanto ao segundo advento, será a conclusão de toda a história da humanidade, Jesus não mais surgirá como menino deitado numa manjedoura, mas virá com poder e grande glória, operará juízo, e retribuirá a cada um segundo as suas obras, quer sejam boas ou más. Todo o olho o verá, até mesmo aqueles que o traspassaram, todo o joelho se dobrará diante de Sua majestade e toda a língua confessará a Deus, de tal maneira que, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.
Quero usar este tema, para falar de algo a que lhe chamo de terceiro advento, quanto a mim não menos importante que qualquer dos outros, não tem nada a ver com eventos que marcam etapas da história universal, mas sim tem tudo a ver com aquilo que marca e divide a história de cada um de nós.
Jesus faz-nos o seguinte convite: “Eis que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.” Apoc 3:20.
O grande mestre da Galileia, antes de ascender aos céus disse aos discípulos que estaria connosco até à consumação dos séculos, também disse durante o seu ministério terreno, que onde estivessem dois ou três reunidos em seu nome, que estaria no meio deles.
Isto é algo que não está ao alcance dos nossos olhos, nem a qualquer um dos nossos sentidos físicos, tudo acontece de forma real no campo espiritual e o cremos pela fé que nos foi concedida pelo misericordioso Deus, pois suas promessas são infalíveis.
Sendo que o termo advento significa chegada ou vinda, neste sentido, Deus quer vir a nós de forma real consciente e contínua, e para tal, Ele usa alguns meios que nos são dispensados por sua graça para que esse acontecimento se torne palpável e facilmente perceptível sua presença.
Um dos meios através do qual Deus vem a nós é sem dúvida alguma sua santa palavra, disse Jesu: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.” João 14:23. Também afirmou o Apóstolo Pedro: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. Por isso, e para tanto, faz-se necessário que possuamos um exemplar das sagradas escrituras e participemos regularmente de um verdadeiro culto cristão.
O Senhor Jesus também vem até nós através dos sacramentos quando devidamente ministrados, lamento muito que alguns ministros eclesiásticos afirmem, que estes meios, são meras ordenanças que nos compete obedecer, mas que em si mesmas não têm qualquer virtude, não nos conferindo qualquer tipo de bem ou mal. Estou a referir-me especificamente ao Santo Baptismo e Ceia do Senhor. Jesus, considerou o baptismo de João como sendo do céu, Lc 20:4-6 e como tal, do céu só poder vir virtude e bênçãos, a graça do bondoso Deus para nos purificar de todos os nossos pecados. A solenidade de tal acto é de tão suma importância, que o Deus triuno faz questão de se fazer representar, disse Jesus: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo.” MT 28:19.
Algumas comunidades cristãs enfatizam muito o facto de as pessoas terem um encontro pessoal com Deus, mas se eu desclassificar o baptismo, como posso encontrar conforto nas palavras de Jesus quando diz: “Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” MT 11:28. Se o bom Mestre não está a falar do cansaço e opressão física, certamente está a referir-se ao pecado e domínio de Satanás.
O apóstolo S. Pedro no dia de Pentecostes disse o seguinte: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja baptizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.” AT 2:38. A partir deste ponto podemos muito bem encaixar as restantes palavras de Jesus em Mateus: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” MT 11:29-30.
Não quero alongar-me mais em matéria de baptismo, pois sobre esta doutrina espero vir a escrever de forma exaustiva para que não haja margem para contradições e não lance ninguém em confusão. Neste momento basta-nos saber isto: que o Deus triuno, no acto do baptismo trata com cada um de nós de forma pessoal, recrutando-nos para fazer parte do Seu Reino. Quanto à ceia do Senhor, ou sacramento do altar, o Senhor Jesus vem até nós oferecendo o seu próprio corpo sacrificado para perdão dos nossos pecados. Alguns cristãos atribuem a este evento mero simbolismo e memorial daquilo que Cristo fez por nós. No entanto o apóstolo S. Paulo diz-nos na I epístola aos coríntios: “que ao tomarmos o pão comungamos o corpo de Cristo e ao bebermos do cálice temos comunhão com o seu sangue… qualquer que comer o pão, ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Porque, o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor.” Sei que para nossa mente racional é difícil compreender as realidades espirituais, vivemos limitados pelo corpo do pecado, mas o grande apóstolo dos gentios diz que o homem espiritual discerne tudo bem, mas de ninguém é discernido, ocupa-se com as coisas que são de cima, e não com as que são da terra, comparando as coisas espirituais, com as espirituais, já ressuscitou com Cristo, é uma nova criatura, vive por fé, prosseguindo para o alvo, pelo prémio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
No primeiro texto de referência o Senhor Jesus está-se dirigindo à igreja de Laodicéia Apoc 3:14-22. Seu descontentamento é absoluto, Ele conhece de perto as suas obras, o comportamento desta igreja não era quente nem frio, sua mornidão provocava vómitos ao seu Senhor, considerava-se rica, de nada tendo falta, não sabendo que era desgraçada, miserável, pobre, cega e nua. Sua conduta era tal que Jesus já não fazia mais parte daquela comunidade. Ele agora estava do lado de fora, novamente batendo à porta, esperando que alguém ouça sua voz, a reconheça, e de novo se abra para Ele.
O Senhor Jesus parece ser duro com esta sua igreja, mas Ele diz o seguinte: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo… Ao que vencer, lhe concederei que se assente comigo, no meu trono, assim como eu venci, e me assentei com meu Pai, no seu trono.

Advento não tem sentido, se a cada momento Deus não vem a nós renovando nossas vidas e revestindo-nos de uma nova esperança duradoura. O natal não tem razão de ser, se o menino de Belém não é o centro das atenções. Seu nascimento foi sem igual, sua vida incomparável, sua morte abalou o universo e a sua ressurreição tem tanto de improvável como de inegável, é uma realidade única, que só a fé a pode abraçar.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Minha oração a Jesus


Senhor Jesus, hoje não quero chorar. Muitas vezes caminho pelo vale tenebroso, carregando minha cruz.

Tantas outras, sinto-me num deserto sem oásis, rugindo como leão o tentador.

Ajuda-me a ouvir a tua voz no silêncio.

A ver tuas pegadas na areia enquanto me carregas ao colo.

Quero sentir alegria no raiar do novo dia e dar-te graças por aquele que terminou.

Dá-me aptidão para responder sempre com mansidão e temor, a qualquer que me pedir a razão da esperança que há em mim. Amo-te Senhor.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O Rei Vindouro

Ainda está bem presente na minha memória, era eu criança, quando a minha mãe mostrou-me um livro cujo título era: O Rei Vindouro.
Sei que o li e embora não conseguisse perceber muito do assunto, dava para entender que se tratava de relatos de acontecimentos que precederiam a segunda vinda do nosso Senhor Jesus Cristo, o fim do mundo e o juízo final.
No dia 21 de Dezembro de 2012, o mundo inteiro esteve na expectativa de um iminente colapso, muitos na sua simplicidade acreditaram que o mundo ia mesmo acabar, mas o facto é que não acabou. Os fenómenos apocalípticos do passado eram oriundos de fanatismos religiosos ou de especuladores oportunistas que sabiam tirar partido da ignorância e convenciam multidões de que as suas mentiras eram pura verdade, por fim o fiasco era inevitável. Hoje por sua vez está surgindo algo muito subtil a que chamo de pseudociência, com os seus especuladores dotados de sentido de oportunismo, que sempre sabem como aproveitar o melhor das situações.
Deveríamos ser sóbrios, honestos e também realistas, é exagero andarmos a prognosticar finais dos tempos, mas também é leviandade supormos que tudo o que agora existe nunca terá fim. Certamente o fim que nos espera, está longe de ser aquilo que nós esperamos, ultrapassa a nossa imaginação e controlo, mas não ao do Criador. Disse Jesus: “o céu e terra passarão mas as minhas palavras não hão-de passar. Porém, daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas unicamente meu Pai.” MT 24:35;36.
Estamos no advento, é o primeiro tempo do ano litúrgico e serve como preparação para a vinda de Cristo, ou seja o Natal, como também para o seu retorno.
A história da humanidade está dividida em dois grandes adventos, o termo em si significa: vinda ou chegada. O primeiro teve o seu início no Éden, quando Deus disse à serpente: “e porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente: esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” gn 3:15 e culminou com o anúncio do anjo aos pastores dizendo: “Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois na cidade de David, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo o Senhor.” Lc 2:10,11.
Desde a profecia proferida no jardim de Deus, até ao nascimento de Jesus, decorreram alguns milénios, o povo conhecia as escrituras assim como os mestres de Israel, pois não só Moisés como também profetas se referiram a tão espectacular evento, no entanto com o decorrer do tempo a esperança de um Cristo redentor se tornara apenas um elo cultural que unia um povo e o diferenciava dos demais povos, pois não somente Herodes como também toda Jerusalém perturbou-se, quando uns magos vindos do oriente perguntaram dizendo: “Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela e viemos a adorá-lo.” MT 2:2,3.
Agora a humanidade está a viver o segundo advento que teve o seu início no dia da ascensão do Senhor, disseram os anjos aos discípulos: “Varões galileus por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que de entre vós foi recebido em cima no céu, há-de vir, assim como para o céu o vistes ir.” AT1:11 e culminará quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, e se assentar no trono da sua glória.” MT 25:31.
Também já se passaram dois milénios e tudo continua como desde o princípio e até mesmo os cristãos mais devotos parecem ter esquecido a promessa, e o retorno do Senhor tornou-se uma crença em vez de uma esperança. Muitas vezes ignoramos isto: que um dia para o Senhor é como mil anos e mil anos como um dia. “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a tenham por tardia, pois não quer que alguns se percam senão que todos venham a arrepender-se.” II Pe 3:8,9.
Os especuladores com os seus prognósticos forjados levam pessoas mal informadas ao desespero e ao suicídio, a vinda do Senhor deveria ser encarada com o mesmo espírito da noite de Natal: “Não temais: pois eis aqui vos trago novas de grande alegria. Disse Jesus: Não se turbe o vosso coração: credes em Deus, crede, também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; vou preparar-vos lugar. E, se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também. Jo 14:1-3.
O pavor e o terror das coisas futuras não são para nós os que realmente cremos em Cristo, se tão somente perseverarmos até ao fim e lhe formos fiéis até à morte. Mas ai dos que blasfemam de Deus, praticam a iniquidade e rejeitam o bendito Filho de Deus, para os tais há um fogo eterno preparado, na companhia do diabo e seus anjos, onde haverá pranto e ranger de dentes.
Os sucessivos fiascos apocalípticos têm levado muitas pessoas ao cepticismo, se antes estavam confusas, agora sentem-se completamente baralhadas, a igreja tem um desempenho, preponderante a este respeito, mas em muitos casos, fala de uma verdade, como se fosse mentira, enquanto muitos proferem mentiras tão entusiasticamente, que até parecem verdades.
A expressão: o mundo só acaba para quem morre, é muito comum e aproxima-nos muito da realidade, está mais próximo de nós e não é difícil concluir que este fenómeno atingir-nos-á, no entanto é utópico pensar que só os seres vivos estão sujeitos a colapso de vida. Toda a criação teve um princípio e por causa do pecado terá um fim, mas isso não nos dá o direito de determinarmos os tempos e os dias e muito menos a ordem dos acontecimentos.
Fim do mundo, último dia, dia do juízo e dia do Senhor, são termos comuns nas sagradas escrituras, alguns deles proferidos pelo mestre da Galileia, neste Homem eu creio, porque na sua boca nunca se achou engano e a mentira não fazia parte da sua indumentária verbal.
Se pretendermos pensar em termos apocalípticos a sério, temos que imaginar algo superior ao simples extermínio do planeta terra, quando Jesus refere: “o céu e a terra passarão, isto tem a ver com uma destruição massiva de todo o universo, onde não haverá escapatória possível no que diz respeito a recursos humanos, mas não fiquemos alarmados porque nesse dia todo o verdadeiro cristão estará com o seu Senhor e todos estes acontecimentos serão apenas um espectáculo de pirotecnia de Deus para nós.” II Pe 3:10-12. Depois tudo será recriado novamente.
Os relatos bíblicos quanto ao fim de tudo, podem parecer ficção, mas têm o doce paladar da verdade e creio sem reservas em tudo o que as escrituras falam a este respeito, porque está longe de poder ser manipulado e especulado pela mente humana e servir os seus egocêntricos interesses, ao contrário disso é o Criador que age em favor daqueles que lhe são fiéis coroando-os com o dom de vida eterna.
Que este tempo do advento sirva para reavaliarmos a nossa fé, reflectirmos no verdadeiro sentido do Natal: Jesus nasceu, viveu, morreu e ressuscitou, por nós e para nós, e um dia amorosamente voltará para nós e por nós e nos levará para estarmos sempre com Ele na casa do Pai, onde há muitas moradas.

Depois de tudo isto é momento de fazermos coro com o velho apóstolo João: “Ora vem, Senhor Jesus.” Apoc 22:20.


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O massacre dos inocentes

Um dos episódios mais marcantes da Bíblia, é sem dúvida aquele que nos relata a tragédia que envolveu certamente centenas de crianças, que foram vítimas de autêntico massacre por parte de um homem ambicioso, sem escrúpulos, nem temor a Deus.
Uma simples criança causou tanto transtorno e perturbou não só um rei, como também uma cidade inteira. Como pode isto ser possível, quando afinal até conheciam as profecias e sabiam que o Cristo um dia havia de nascer? Herodes não tinha nada que temer em relação ao menino Jesus. Quando adulto, um dia disse Ele a Pilatos: “o meu reino não é deste mundo”.
Muitas vezes acontece, que conhecemos as escrituras e até os propósitos de Deus, mas quando Ele decide atuar, sentimo-nos incomodados, inseguros e também desconfortados na nossa rotina diária. O Senhor sempre desejou participar e ser cúmplice nas nossas vidas, no entanto gostamos muito mais de reinar sozinhos. Por isso muitos se tornam peritos em abortar tudo quanto lhes pareça uma ameaça e um estorvo, e não olham a meios para atingirem os seus fins.
Foi com muita tristeza que já participei em dois referendos nacionais para a despenalização do aborto, à segunda vez, finalmente foi conseguido o objetivo pretendido e hoje infelizmente o aborto no nosso país já não é crime.
Creio ter sido uma irresponsabilidade muito grande por parte dos nossos governantes o terem submetido vidas humanas indefesas sem qualquer tipo de recurso ou alternativa, ao julgamento de um povo moralmente e espiritualmente impreparado. Comportaram-se como Pilatos no lavar das mãos, mas por mais que as lavem estarão sempre manchadas de sangue inocente, a menos que o temor do Senhor se apodere deles e reconheçam a sua pecaminosa irresponsabilidade.
A lei portuguesa já contemplava três situações possíveis de aborto: gravidez de risco, má formação congénita e gravidez por violação. Já por si só estas contemplações estavam muito aquém de serem justas e coerentes. Suponhamos que uma jovem é violada, e apesar do trauma dessa relação decide levar a sua gravidez até ao fim, mas com o decorrer do tempo, algumas circunstâncias inevitavelmente lhe trazem à memória os fantasmas do passado, e todo o seu ser fica perturbado e não resiste à tentação de eliminar o ser resultante de um momento por demais desagradável. Esta mulher seria punida pelo rigor da lei e a sociedade a descriminaria por um ato tão cruel. O mesmo se passa com aquela mulher que concebe um filho com algum tipo de deficiência, a lei aprovaria um aborto, mas no entanto se eu tivesse um filho inválido que necessitasse de todos os cuidados e atenção e lhe quisesse pôr termo à vida por achar que era um encargo demasiado pesado para a família e a sociedade, a lei me condenaria como homicida. Pergunto onde estava a coerência e justiça da lei? Quem somos nós, criados à imagem de Deus, para decidirmos quem deve ou não fazer parte desta terra de viventes? Que diferença existe entre o ser que está no ventre materno e o outro que já anda por cá? Não serão ambos seres humanos apenas em fases de desenvolvimento diferentes?
Compreendo que muitas vezes as exigências da sociedade e as dificuldades da vida, nos levam a pensar e a tomar atitudes que apenas favorecem o nosso ego e comodismo. Não quero parecer intolerante com as jovens que são vítimas de violação e ficam grávidas, devido à sua pouca experiência de vida, as suas mentes se perturbam e caem no desespero, pois muitos dos seus sonhos se tornam irrealizáveis, são os estudos que ficam em causa, quem sabe uma carreira profissional brilhante ou até mesmo um casamento bem sucedido. Mas o que é tudo isto perante uma vida humana que é a imagem e semelhança do seu Criador.
Agora o que dizer daquela mulher portadora de uma gravidez de risco, é compreensível que fique apavorada e caia na tentação de abortar aquela vida que teima em pôr termo à vida dela. Neste particular quero homenagear aquelas mulheres que foram capazes de serem altruístas, verdadeiras heroínas, que no exercício da sua fé, desafiaram a própria vida, confiaram no seu Deus e provaram que por vezes a ciência também se engana, levaram a sua gravidez até ao fim e em alguns casos escaparam tanto mãe como filho, noutros enquanto o mundo recebia mais um filho, o céu recebia mais uma alma para fazer parte do coro celestial. Quero salientar que nestes casos é bom que não entremos em julgamentos precipitados, é melhor que antes experimentemos por um pouco calçar o sapato do outro, para podermos compreender o seu desespero e dificuldade em se adaptar ao desconforto e incómodo de uma situação não programada.
Infelizmente os atos de heroísmo caíram em desuso, fazem parte do passado, ainda me lembro de histórias que se contavam da guerra do ultramar, em que alguns militares, para que todo um grupo não fosse destruído, eles próprios se lançavam sobre minas e assim só eles morriam, mas todo o grupo ficava a salvo. Ainda hoje esses heróis são relembrados em algumas comemorações de estado. Creio que as mulheres que são capazes de trocar a sua própria vida, pela vida que está no seu ventre, são dignas de honra e admiração e são autênticos exemplos de fé e coragem, quando o egoísmo e o comodismo estão derrubando por completo os valores morais e espirituais, onde cada um só pensa em si próprio.
Neste mundo que se diz civilizado, na maioria dos casos prevalece a lei da selva, apenas os mais perfeitos, os mais fortes e os mais adaptados conseguem sobreviver, tudo o resto é para exterminar. Os animais para os quais Deus não estabeleceu qualquer tipo de código moral comportam-se com muito maior dignidade.
Com efeito é plenamente compreensível que todo o casal goste de ter todos os seus filhos fisicamente perfeitos, mas é de se realçar que muitos deficientes têm brilhado no mundo artístico, dão-nos autênticas lições de vida, e o mundo não seria o mesmo sem o seu contributo.
Quanto à antiga legislação, quero ainda salientar, quanta injustiça era praticada contra as mulheres que praticavam aborto clandestino, sem ser nos termos previstos na lei, (admito que até muitas o praticaram unicamente por sua conta e risco e nesses casos se fazia justiça), muitas delas foram obrigadas a abortar por pressões familiares, outras porque os maridos as instigavam e ainda outras porque os namorados não quiseram assumir a paternidade, todos eles foram cúmplices, mas só elas eram os réus, a este grupo ainda se pode juntar parteiras, médicos e curandeiros que davam todo o apoio técnico a todo este massacre, todos eles também eram cúmplices, mas somente elas iam para trás das grades.
Noutras situações, tanto os réus como os cúmplices eram punidos. Por que razão neste caso de horrendo infanticídio só a mulher mãe tinha de enfrentar toda a vergonha sozinha? Lamentavelmente a justiça humana é tão falsa como Judas, beija-nos o rosto e apunhala-nos as costas.
Hoje em vez de fazer-se justiça, legalizou-se um crime, já não se seleciona mais o alvo a abater, a vida humana na sua fase inicial não tem qualquer tipo de valor, desde que esteja no ventre materno é como intruso em propriedade alheia.
Chegou-se ao desplante em que a ciência está tentando avaliar a partir de que estágio de desenvolvimento o ser que está num ventre materno pode ser considerado um ser humano como se fosse possível em algum momento ser-se outra coisa.
Não quero chegar ao cúmulo de afirmar que um espermatozoide é gente, não tenho qualquer base bíblica nem científica que sustente tal ideia, mas a partir da conceção não adianta andarmos a especular sobre o assunto, Deus já lhe deu o estatuto de ser humano, está escrito no livro dos salmos: “Pois tu formaste o meu interior, tu me teceste no seio da minha mãe. Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem; os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda”.
A prática do aborto é o crime cometido com o mais elevado grau de covardia, atentamos contra a vida de seres humanos que não têm qualquer forma de se defenderem, e no único sítio onde deveriam sentir-se protegidos e seguros, que é o ventre materno, tornou-se para eles altar de holocausto.
A questão do aborto tornou-se assunto polémico e para tanto chegou-se a realizar debates televisivos onde tanto teólogos como os elementos pró-vida saíam quase vergonhosamente derrotados por não possuírem argumentos nem convicções convincentes. Para assunto de tão elevada importância não basta filosofia humanista aparentemente piedosa nem a teologia de indivíduos cujo Deus em que dizem acreditar, na realidade parece não fazer parte do cardápio de suas vidas.
Não estou preocupado com as práticas imorais cometidas por pessoas ou comunidades não cristãs, que não reconhecem o cristianismo como a única religião verdadeira, nem o Deus Pai de nosso Senhor Jesus Cristo como único criador e sustentador de todas as coisas tanto visíveis como invisíveis. Quanto a esses, Deus no dia do juízo encarregar-se-á de os julgar. Mas nós os que confessamos o bom nome de Cristo, espera-se no mínimo que sejamos coerentes com a fé que possuímos. É da nossa responsabilidade proteger e defender a vida, quer seja a nossa própria, assim como a do nosso próximo mesmo que ainda esteja dentro de um ventre materno.
Também não estou preocupado com as vítimas do aborto, mesmo sabendo que inconscientemente elas sentem as horrorosas atrocidades que lhes são infligidas no ventre materno. Quanto a elas já estão ao cuidado do bondoso Deus.
Agora preocupo-me com o povo português que na sua esmagadora maioria confessa-se cristão e em referendo legalizou um crime. Está-se aproximando o Natal, daqui a pouco estamo-nos preparando para festejar o nascimento do menino de Belém, creio que é tempo de ponderarmos e reconsiderarmos a irresponsabilidade dos nossos atos e pensarmos na possibilidade de se revogar a lei mais impiedosa que já alguma vez se aprovou. De ateus e pagãos pode-se esperar tudo, mas de cristãos, Deus espera muito mais, as boas obras que acompanham a salvação.
Deus na sua misericórdia dá-nos um tempo, somos por natureza filhos da ira, nascidos em pecado, destituídos da sua glória. “Mas agora, em Cristo Jesus, nós, que antes estávamos longe, já pelo sangue de Cristo chegamos perto. Porque ele é a nossa paz … na sua carne desfez a inimizade,… para criar, em si mesmo, um novo homem, aniquilando nossa velha natureza, e, pela cruz nos reconciliou com Deus”. Ef 2:13-16.
O Deus de que nos relata as escrituras não é um tirano como muitos o pintam, nem um ditador, mas também não é uma marioneta para que possa ser manipulado ao capricho de cada um. Ele não necessita de que nós criamos nele para subsistir, é auto existente mesmo antes da criação de todas as coisas. Quanto a nós, se não for a sua misericórdia somos menos que nada.
Sei que estou a ser talvez demasiado longo na minha abordagem, mas com este assunto não consigo economizar palavras.

Alerta-nos ainda o Senhor: “Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda. Eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra…Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idolatras, e qualquer que ame e comete a mentira. Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas”. Apoc 22:11-16.


sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Lutero, um marco na história

A 31 de Outubro de cada ano celebra-se o dia da reforma, levada a cabo pelo sacerdote Martinho Lutero, que em 1517 decidiu fazer história e saiu para a rua empunhando as 95 teses contra as indulgências, cravando-as na porta da igreja de Wittenberger.
Amado por muitos, desprezado por outros, o monge, sacerdote, professor e Doutor em Teologia, Martinho Lutero, é conhecido como o reformador da igreja no século XVI. Influenciou a educação e a literatura. Traduziu a Bíblia Sagrada para a língua do povo alemão e escreveu inúmeras obras exegéticas, doutrinárias e de educação cristã.
No intuito de homenagear tão célebre figura histórica, o meu único objectivo é que a igreja do século XXI possa seguir-lhe o exemplo de fé e dedicação à causa de Cristo. Com algum desalento o escrevo, pois o comodismo e o conformismo têm permeado toda a cristandade do tempo presente, assim como a tendência cada vez maior para a heresia, idolatria e dogmatismos, que a outra coisa não conduzem senão à perdição eterna.
O Filho de Deus ao encarnar tinha um propósito, e ao iniciar o seu ministério na terra, escolheu doze discípulos, aos quais disse: “Eu vos farei pescadores de homens.” Investiu neles tempo e formação, para que em tempo oportuno, pudessem fazer toda a diferença dizendo-lhes: “Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo. Resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.” Mt 5.
Todo o cristão é chamado por Deus para marcar diferença, ser um elemento activo, não conformado em passividade, correndo os riscos necessários, fazendo jus à fé que possui. “Jesus nunca foi um exibicionista, jamais se expôs de forma a correr riscos desnecessários, algumas vezes protegeu-se, para que nada a seu respeito acontecesse fora do tempo.” João 7:1,6. Mas quando chegou o momento de ter que caminhar para Jerusalém, o local do seu suplício, nada nem ninguém o conseguiu deter e quando alguém lhe disse: “Sai, retira-te daqui, porque Herodes quer matar-te”, simplesmente respondeu-lhe: “Ide, dizei àquela raposa: Eis que expulso demónios e efectuo curas, hoje e amanhã, e no terceiro dia sou consumado. Importa caminhar hoje, amanhã e no dia seguinte, para que não suceda que morra um profeta fora de Jerusalém.” Lc 13:31-33.
A história está marcada por muitos homens que no exercício de sua fé, foram capazes de fazer diferença, uns agindo e outros falando dos podres da sociedade que os rodeava, sofrendo na pele as consequências inevitáveis dos seus ideais. Actualmente é urgente que os cristãos deixem de ser elementos passivos, conformados apenas com os seus rituais religiosos infrutíferos, que mais não servem senão para protegerem os seus estatutos e identidade religiosa.
É necessário que se levantem homens como A. Lincoln, que depois de inúmeras tentativas frustradas à presidência dos Estados Unidos, por fim já na sua velhice lá o conseguiu e ficou na história por ter abolido a escravatura no seu país, deixando-nos também esta linda frase: “Creio que a Bíblia é o melhor presente que Deus jamais deu ao homem.”
O pastor Martin Luther King, não só herdou o nome, mas também a ousadia de Lutero, pois que lutou destemidamente contra a descriminação racial do seu povo, pagando a justo preço com a própria vida. Também não quero esquecer o curto ministério do Papa João Paulo I, que iniciou uma luta frustrada contra o tabú do uso de contraceptivos nas relações íntimas de casais fiéis. A este a morte também não quis poupar, nem tão pouco se permitiu que o seu corpo fosse autopsiado. E o que dizer de João Baptista, cuja cabeça foi exibida num prato, na festa de aniversário de Herodes, por haver denunciado que este possuía ilicitamente a mulher de seu irmão?
No nosso mundo ocidental existe plena liberdade religiosa, mas também muita ignorância espiritual. Jesus no seu tempo disse aos saduceus: “Errais, não conhecendo as escrituras, nem o poder de Deus.” MT 22:29. Esta afirmação foi feita a homens religiosos que manuseavam com regularidade os escritos sagrados. Actualmente a Bíblia tem livre curso e está ao alcance de todos, no entanto não se conhece a Deus, blasfema-se e repua-se a sua existência como lendária.
O mundo do século XXI carece verdadeiramente de conhecer as escrituras e o real poder de Deus. Pois em tal ignorância tem-se cometido verdadeiros atentados contra a vida humana e contra o criador dos céus e da terra. Debaixo deste sol que nos ilumina cometem-se abortos, pratica-se eutanásia, contraem-se relações ilícitas, adoram-se falsos deuses que são semelhança de homens, consultam-se bruxos e cartomantes e usa-se o Santo Nome de Deus em vão. Que Ele tenha misericórdia da sua igreja por causa da sua inércia e desvario, porque em vez de ser uma luz, conduz o seu povo em trevas. Certo dia perguntou Jesus: “Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” Fico preocupado com a resposta, o tempo da sua vinda está próximo e a humanidade caminha a passos largos em sentido oposto.
Existe em Portugal, já há algumas décadas, uma pequena comunidade luterana, e nos Açores apenas uma família, que a muito custo vai sobrevivendo com visitas pastorais muito esporádicas. Ao longo de já quase vinte anos tenho-os observado, são herdeiros de um vasto património literário, que em muito me tem sido útil em termos de doutrina e educação cristã. A fidelidade deste pequeno grupo às sãs doutrinas das sagradas escrituras é inquestionável e nisto rendo-lhes também minha homenagem, lamento apenas não terem herdado de Lutero a visão e a sua ousadia ao ponto de que o nosso país já tivesse sido alvo de uma reforma espiritual que há muito se faz necessária.
Creio que o Deus que despertou Martinho Lutero para que desse uma lufada de ar puro à sua igreja, tem poder para que nos tempos actuais, se levantem novos profetas, para que falem a sua palavra ao povo. Caso isto não venha a acontecer, resta-me apenas dirigir-me ao Todo Poderoso em oração dizendo: Dá-nos de volta Lutero, dá-nos de volta Lutero!
Depois do que já escrevi, não quero que o leitor fique com a ideia de que para mim o Dr. Martinho Lutero virou um deus, ou algo de semelhante, ao qual devamos prestar adoração, mas é inegável que a grandiosidade da sua obra reformadora da igreja é tão válida e necessária hoje com o foi no seu tempo e certamente se projectará no futuro para salvaguarda dos verdadeiros valores cristãos e pureza doutrinária.
Posto isto e primeiro do que tudo sou levado a dizer que nenhum ser humano deveria partir deste mundo, sem conhecer a Jesus Cristo como Senhor e Salvador e ao Pai, Deus criador de todas as coisas. No entanto nenhum cristão deveria despedir-se desta vida sem que antes leia Lutero. Na verdade ninguém fica mais salvo ao lê-lo, mas certamente ficará mais rico espiritualmente e a morte não o irá tragar na ignorância.

Um dos versículos bíblicos favorito do histórico reformador encontra-se no livro dos salmos 118:17 que diz o seguinte: Não morrerei, mas viverei; e contarei as obras do Senhor.


quinta-feira, 25 de setembro de 2014

25 Anos Depois

“Você existe como uma flor
Dentro do meu coração
Quero que você me olhe
E aperte a minha mão.
Dá-me a mão, dá-me a mão, dá-me a mão, Deus é amor.
Dá-me a mão, dá-me a mão, dá-me a mão, Deus é amor.
Jesus precisa de nós os dois
Da nossa força e união
Para pregar o evangelho
E anunciar a salvação.”


A longevidade dos anos não foi suficiente para apagar da memória tão glorioso momento, em que eu e o meu violão entoávamos tão melodiosa canção, quando acompanhada dirigias-te para o altar, onde para sempre ficaríamos ligados em santa união.
Gosto muito de chamar-te de princesa, este é o meu novo slogan, e quero que saibas que apesar da singeleza do nosso ato matrimonial (tivemos que improvisar o nosso enxoval, trabalho não tínhamos e dinheiro muito menos para pagar um fotógrafo profissional), o que mais importa é que “25 anos depois, ainda nós os dois”.
Com o passar dos anos pouco mudou, creio que apenas o nosso amor se solidificou. Hoje, pela graça de Deus, trabalho não nos falta, mas dinheiro é sorte que não nos bafejou. O pão de cada dia não nos tem faltado e isso é o quanto nos basta, mas se neste momento quero-te homenagear de novo, tenho que improvisar, e a forma mais económica de o fazer, foi algumas linhas escrever.
Não adianta fazer de conta que tudo tem sido fácil no nosso relacionamento, temos passado por grandes provas, e a dado momento o nosso casamento também tremeu. Gosto muito da tua dinâmica, sempre encontras um jeito de dar a volta por cima às situações. As mais belas rosas colhem-se entre os espinhos e tu és uma delas.
Creio que já conseguimos realizar quase tudo o que humanamente é possível, temos filhos tementes a Deus, casa para habitarmos, meio de transporte e trabalho garantido, no entanto através da segunda estrofe da canção, há uma voz que clama dizendo: “Jesus precisa de nós dois, da nossa força e união, para pregar o evangelho, e anunciar a salvação.”
Nunca senti tão forte o peso de tamanha responsabilidade, não sou pregador de profissão, sulcar a terra e colher o seu fruto é a minha paixão e também o nosso ganha pão. Sou cristão convicto, bom ou mau, só Deus me poderá julgar, mesmo assim atrevo-me a pensar, falar e até escrever tão ousadamente sobre tão majestosa divindade.
À medida que o tempo passa, o desafio torna-se cada vez mais irresistível, para mim é um enorme privilégio, fazer do meu blog, minha tribuna de pregação.
Princesa, mais do que nunca preciso de ti, pregar o evangelho é tarefa árdua, preciso da tua inspiração e cooperação. Amo o meu povo, tu vieste de longe e também a ele te tens dedicado. Não gosto de te ver chorar, mas quando sorris, as lágrimas iluminam o teu rosto e dão cor à minha vida.
Renovo aqui o meu voto matrimonial, por mais 25 anos e até que a morte nos separe. És uma flor plantada no meu coração, preciso muito do brilho do teu olhar, que apertes a minha mão e juntos caminhemos servindo o Deus de amor que abençoou a nossa união.
Amo-te princesa!

Daquele que sempre será teu: António Barcelos

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Ezequiel e o vale de ossos

A mão do Senhor se apoderou do profeta Ezequiel e o transportou em espirito, e o pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos. E o fez andar ao redor deles; e eram mui numerosos sobre a face do vale, e estavam sequíssimos. Então lhe disse o Senhor: “Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel: eis que dizem: Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança: nós estamos cortados.” Ez 37: 1, 2, 11.
Se retrocedermos no tempo, e analisarmos todo o historial de Deus com a sua criação, inevitavelmente chegaremos à conclusão que o relacionamento dos dois, quase sempre esteve muito longe de ser um romance. Desde muito cedo o ser humano escolheu desobedecer ao seu criador, afrontando-o seguindo outros deuses, cometendo toda a sorte de abominações. Já desde o Éden, que a criatura decidiu optar pelo lado do inimigo e corrompeu-se de tal forma, que o Senhor determinou pôr termo a tudo quanto havia criado com as águas do dilúvio, selecionando apenas oito pessoas: Noé e sua família, assim como alguns representantes das várias espécies animais. Com estes elementos de novo povoou toda a terra, todos os humanos falavam uma mesma língua e empregavam-se as mesmas palavras até ao momento em que de novo desafiaram o Senhor, construindo uma torre cujo cume tocasse nos céus, ao perceber Deus, que não havia limites para a perversidade humana, decidiu confundir-lhes a língua para que não mais se pudessem entender.
Mais tarde o povo do Senhor foi feito escravo no Egipto e ao presenciar tamanho sofrimento libertou-o com mão forte através do seu servo Moisés, ao caminhar pelo deserto prevaricaram, cometendo todo o tipo de abominações: “murmuraram contra Deus, prostituíram-se e inclinaram-se perante um bezerro de ouro, por tudo isto, toda uma nação pereceu no deserto à exceção de Josué e Caleb e a geração nova.” Nm 14: 30, 31.
Depois que o povo hebreu se estabeleceu na terra prometida, os atritos foram sempre constantes, usando Deus sempre de todos os recursos possíveis e imaginários, desde juízes, profetas, reis, sacerdotes e por fim o seu próprio Filho para reconciliar o mundo consigo próprio.
No tempo do profeta Ezequiel, o povo havia chegado ao mais baixo nível, ao ponto de Deus o classificar de ossos secos, estavam pior que mortos, já não tinham carne, não tinham nervos nem pele e muito menos espírito, e até mesmo os ossos estavam todos misturados.
No meio da visão o Senhor embaraça o profeta com esta pergunta: “Filho do homem, poderão viver estes ossos?” Desconcertado ele responde: “Senhor Jeová, tu o sabes.” Ez 37:3.
Em termos comportamentais, o que se poderá pensar também da igreja através dos séculos até aos nossos dias? Infelizmente sua capacidade de resposta em relação a tudo o que o seu Senhor tem feito por ela deixa muito a desejar. Já o apóstolo S. Paulo teve sérios problemas com a igreja de corinto, escrevendo o seguinte: “Geralmente se ouve que há entre vós prostituição, e prostituição tal, qual nem ainda entre os gentios, como é haver quem abuse da mulher do seu pai.” I Cor 5:1. “Nisto porém, que vou dizer-vos, não vos louvo; porquanto vos ajuntais, não para melhor, senão para pior.” I Cor 11:17. “ Não sabeis que os injustos não hão-de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores, herdarão o reino de Deus. E é o que alguns têm sido…” I Cor 6:9-11.
No tempo do profeta Ezequiel o povo de Israel estava disperso e em cativeiro por causa de suas abominações contra o Senhor Deus, embora fossem religiosos, o fruto de sua conduta espiritual era mau.
Enganamo-nos ao pensar, que o simples facto de sermos religiosos fervorosos isso é o quanto basta para se agradar a Deus. Ele não se ilude com nossa aparência, exige de nós verdade e coerência com sua santa palavra.
A nação de Israel é representada ao profeta por um vale de ossos secos. Hoje a igreja, que é o povo de Deus, como classifica-la, quando sua conduta é oposta à vontade do seu Senhor?
Não quero ser juiz de maus pensamentos, mas gostaria que se fizesse uma análise imparcial à igreja do nosso tempo, para vermos se de facto ela também não se encaixa no mesmo vale de miséria. Tem aparência de que vive, mas está morta, por cometer também toda a sorte de abominações, quer por palavras, quer por ações. O povo anda errante, guiado por falsos profetas, que só falam mentiras ou aquilo que agrada aos ouvidos. Fico deveras impressionado ao pensar, como é possível, num mundo tão informatizado, haver tanta falta de formação moral, assim como espiritual.
Num dos textos de ouro das escrituras lemos o seguinte: “Porque Deus amou o mundo, de tal maneira, que deu o seu Filho único, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16. Isto significa, que Deus do melhor que possuía dedicou sem reservas e incondicionalmente ao mundo. No entanto como retribuição, aquele que é chamado de vigário de Cristo na terra, dedica a humanidade a Maria. Jesus é sacrificado em nosso lugar por causa dos nossos pecados, mas é Maria quem recebe os louros.
Disse Jesus: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim.” João 14:6. Mais uma vez Maria é elevada, e fazem dela medianeira e corredentora.
Ignoram desta forma o escrito de S. Paulo que diz: “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” I Tm 2:5.
Não quero de forma alguma subestimar os méritos de Maria no seu tempo, simplesmente hoje está deslocada no tempo e no espaço, e estou certo que se de alguma forma ela pudesse intervir, poria fim a tanta mariolatria, e proferiria novamente estas palavras: “Fazei tudo quanto Ele vos disser.” João 2:5 e somente o que Ele disser.
O facto de Maria ter achado graça diante de Deus, isso não nos dá o direito de lhe conferirmos atributos que só ao Filho de Deus compete, disse Ele: “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu.” João 3:13.
A igreja quando ignora as escrituras, cai nestes erros crassos de inventar deuses e criar dogmas que se tornam abominações perante o Criador do universo.
Quanto às igrejas reformadas, também entre elas não há senso comum, é da praxe seus fiéis membros usarem uma Bíblia, mas seus líderes proferem dos púlpitos indesculpáveis erros doutrinários, reivindicam para si a posse do Espírito Santo e os dons espirituais, desvirtuam os santos sacramentos, e da palavra que é espírito e vida, reduzem-na a um mero código de boa conduta moral e espiritual. Em termos escatológicos especula-se induzindo os fiéis em erro.
Estou certo de que a Igreja da era moderna é bem representada pelo vale de ossos. Uma igreja que assim procede está ressequida, pois o espírito do Senhor se ausentou. Quero salientar que o Israel do tempo de Ezequiel nos leva vantagem, já tinham chegado ao ponto de reconhecer, que por causa de suas abominações estavam cortados.

A igreja do Senhor necessita de reconhecer seu estado lastimável de abominações, idolatrias, heresias e dogmas forjados, para que Deus se compadeça e lhe dê o seu Espírito de vida, para que no dia derradeiro não sejamos todos cortados.


sábado, 5 de julho de 2014

A voz dos que vivem na sombra

Certo dia fez Jesus um amistoso convite, dizendo: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” Mt 11:28
Apesar da aparente abrangência, o convite é muito restrito e selectivo. Quando Jesus usa o termo, todos, ele apenas refere-se aos cansados e oprimidos e não a todo o género humano, pois existe sempre aquela casta de fariseus, que confiam em si mesmos, crendo que são justos, que não se cansam de exibir suas virtudes e dons, têm tanto para dar que de Deus nada precisam receber, no entanto desprezam os outros.
É certo que o meigo Mestre, em seu discurso não está a referir-se ao natural cansaço de um árduo dia de trabalho, nem da opressão normal das circunstâncias da vida. O Filho de Deus encarnou-se para levar sobre si as nossas dores e iniquidades, libertar-nos do pecado e do diabo, vencer a morte e o inferno, ser a voz dos que vivem na sombra e a todos dar a vida eterna.
Jesus tinha uma sensibilidade, toda ela especial para lidar com os que viviam na sombra, vítimas de preconceito e escrúpulo, eram marginalizados e considerados imundos. Para estes o dócil Senhor sempre tinha uma palavra amiga, confortadora e portadora de vida. Nunca foi seu propósito, esmagar a cana quebrada nem apagar o pavio que fumega, antes pelo contrário, quando alguém lhe clamava, ele perguntava: “Que queres que te faça?” quando abordado por um leproso disse-lhe: “eu quero que fiques limpo.” Ao ver um paralítico em dificuldade perguntou-lhe: “queres ficar são?” Depois de tudo isto o que mais me impressiona é quando Jesus caminhando apertado pela multidão, ele consegue distinguir o delicado toque de uma mulher que há muito tempo sofria de um fluxo de sangue.
Os habitantes de sombra apenas conhecem um slogan favorito: “Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós.” Lc 17:13.
Não vou alongar-me com o meu discurso, pois desta vez tenho em mãos, um texto de autor anónimo, cujo conteúdo pode parecer revoltoso contra Deus, não se escandalizem, há revolta sim, mas contra aqueles que acham que amam a Deus e que no entanto aborrecem o seu próximo, o mesmo pode também muito bem representar o clamor de todos quantos vivem na sombra em nossos dias, vítimas de preconceitos e religiosidade aparente, baseada apenas em rituais domingueiros.

“Perdoem-me se estas palavras se vão tornar, de certa forma ofensivas, mas preocupa-me o facto de haverem pessoas mais ocupadas em apontar os pecados dos outros, esquecendo-se que Deus irá pedir contas dos seus pecados e não do que elas sabem do pecado dos outros. Mas, já que se usa da liberdade para expressar opiniões via redes sociais, porque se está nesse direito, eu também vou expor a minha.
Eu não vou nomear uma lista de pecados abomináveis perante Deus e, especialmente, perante Cristãos que se dizem conhecedores da Bíblia. Aliás, acho que os Cristãos se demonstram muito mais constrangidos com certos “pecados” que o próprio Deus, o único que pode julgar tais questões. Além do mais, é irrelevante nomear pecados, até porque, perante Deus, não há pecado maior ou menor, pelo que só gastarei “o meu latim” se tentar ordená-los. E nem me vou dar ao trabalho de rebater o que quer que seja com versículos bíblicos. Basta ver que o próprio Jesus foi tentado com a Palavra de Deus. E, já que o Diabo também usa a Palavra para conseguir o que quer, eu vou aproveitar para dar voz à minha humanidade e Jesus, melhor que ninguém, para compreender, porque Ele já esteve no meu lugar.
Fico com a sensação que o Cristianismo tem-se tornado como aquele que se diz ser humilde mas, que ao dizê-lo, deixa de o ser, visto que, quem é humilde, não tem necessidade de clamá-lo aos quatro ventos.
Há coisas que não dizem respeito à curiosidade alheia. Eu não admito, por exemplo, que opinem sobre a minha conta bancária. Aliás, nem o meu melhor amigo me diz o dinheiro que tem em conta, e eu a ele! Assim como eu espero não vir a descobrir que há pessoas interessadas em bisbilhotar o que faço ou deixo de fazer entre quatro paredes. Desde que a minha liberdade e privacidade não interfira com a do meu vizinho, o sentir-se incomodado tem mais a ver com a falta de respeito e, com certeza, com ideias pré concebidas que, normalmente, estão longe de ser verdade.
Não adianta virem bater-me na cabeça com uma Bíblia na mão. Isso mais parece exorcismo e, como disse acima, é tal e qual um arrogante que se diz humilde.
Quando se questionam certas situações que põem em causa a ética, há que não menosprezar outras situações quando se diz que Deus não comete erros. Ora, vejamos. Deus não comete erros. No entanto, há bebés, gémeos, que nascem ligados pelo tronco ou pela cabeça. Bem, Deus não comete erros, e deixar que a Ciência interfira na obra de Deus é o mesmo que dizer que Deus comete erros. Por isso, nem vale a pena tentar consertar aquilo que Deus não errou! Se uma das vidas estiver em risco, ou ambas, deixem-nas morrer. Afinal de contas, Deus não comete erros e, se for da vontade de Deus, eles sobreviverão, embora, por muita fé que eu tenha, não me pareça que, tendo sobrevivido, Deus as vá separar! Havendo possibilidade de um deles sobreviver, ou ambos, mas com intervenção cirúrgica, e sendo impossível fazê-lo, porque Deus não comete erros, pergunto-me quem será tido por responsável, caso não sobrevivam!
Mas, vamos imaginar que esses bebés têm condições para viverem ligados. Bem, Deus não comete erros e, ao que parece, a qualidade de vida é uma questão menor, comparada com a questão física, que, ironicamente, é base para todos os equívocos da aparência! Ora, sendo seres humanos “normais”, que todos o dirão para que não se sintam diferentes dos demais, penso que é de esperar que essas crianças, tornando-se adolescentes e, depois, adultas, terão que partilhar cama, refeições, idas à casa-de-banho (não me perguntem como seria, caso fossem de dois sexos diferentes em casas-de-banho públicas!), idas a concertos versus estar em casa, etc. E, já que são pessoas normais, também é de esperar que ambas, ou, pelo menos, uma delas, se apaixone. Enquanto todos os outros, que dizem que esses dois seres são iguais a eles, porque razão uns têm direito a uma dignidade e a serem felizes e outros não? Será que, neste caso, deverão partilhar namorados e namoradas e, quem sabe, ter sexo na mesma cama a quatro? Ou seremos nós capazes de lhes impingir o não-amor e a não-realização só para que não infrinjam os tais “mandamentos de Deus”? Sim, porque Deus não comete erros e acender a luz no fundo do túnel para estas pessoas é impensável, porque é o mesmo que dizer que Deus é incapaz.
A vivência neste Planeta também nos tem permitido ver que há pessoas que nascem com dois sexos, os tais hermafroditas. Bem, mais uma vez, Deus não comete erros, e Ele criou Homem e Mulher à sua imagem. No entanto, devido a alguma aberração da Natureza, há seres humanos (ou serão outra coisa?) que nascem com duas genitálias, pelo que se torna difícil definir. Mas, como Deus criou Homem e Mulher, até à bem pouco tempo, nestas situações, os pais podiam decidir qual o sexo da criança. Na maioria dos casos, a genitália que aparentasse ser a mais prevalecente, seria a escolhida. Provavelmente, nesta situação, muitos Cristãos abririam uma excepção ao “Deus não comete erros” e, já que Deus criou Homem e Mulher à sua imagem, a Ciência pode interferir. Engraçado como, para estas coisas, os pais tenham poder de decidir se uma criança é menino ou menina, mas no caso da salvação pelo Baptismo, eles não tenham esse poder de decisão! Sim, porque hoje em dia, no caso do hermafroditismo, já se permite que a criança, uma vez adolescente ou adulta, decida a qual dos sexos pertence. Ora, quando ainda os pais decidiam o sexo do seu filho, houve casos em que o género do cérebro e o sexo físico não combinavam, levando estas pessoas à loucura, depressão e má qualidade de vida por não se identificarem com o género físico.
Deus não comete erros! E, no entanto, milhares de crianças continuam a nascer e a morrer à fome em África. Se Deus não comete erros, sabendo Ele que é incrivelmente difícil sobreviver em África, porque continua Ele a permitir que nasçam crianças lá?
Deus não comete erros. E, no entanto, continuam a nascer crianças deficientes que alteram por completo o sistema familiar de um grupo, para que esse novo ser se possa adaptar e ser o mais autónomo possível. Espera! Deus não comete erros. Portanto, todas as soluções criadas pela Ciência não são para ser aplicadas.
Deus não comete erros. Há uma séria de transformações genéticas que reproduzem alterações no desenvolvimento. A acção do ser humano tem providenciado isso, o que me leva a crer que, afinal, a culpa é nossa. Continuam a nascer crianças com doenças congénitas, outras com sérios obstáculos na interacção com os seus semelhantes, etc. Basicamente, só quem está lá é que sabe. Não podemos julgar a forma como uma pessoa tenta resolver uma situação, muito menos pôr em causa a sua fé se ela, na sua honestidade, tenta fazer o seu melhor, enquanto outros pregam, e até praguejam, em nome Deus e de todos os santos possíveis e imaginários para que essa pessoa se redima. Às tantas, ela é a única pecadora e não sabe! Mas, espera. Deus não comete erros. O ser humano os comete. Ah, pois! Mas Deus escreve recto sobre linhas tortas! E, então? Anda o cão atrás da cauda, pois é!
E esqueçam essa ideia de paninhos quentes de quando dizem que amam o pecador, mas odeiam o pecado. Quem és tu, pecador, para me dizeres a mim, pecador, que me amas, mas odeias o meu pecado? Serão os teus pecados menores que os do teu próximo? Não será ele responsável pelos seus pecados e tu pelos teus? Porque é que, em termos humanos, tu que nasceste “normal”, que dizes tratar o outro por “igual”, tens o direito de te apaixonares, amares, casares, teres filhos e morrer rodeado da família que tu criaste? (Sempre se pode sonhar!) Ou deverá o outro negar-se, fazer de conta que ama quem escolheu para formar família, achando que isso não irá afectar os demais, mesmo que eles não o saibam? Terão eles culpa do resultado da sua negação? Ou deverá ele negar que sente afecto por alguém, negar a vontade de constituir família, enquanto outros têm o conforto do seu lar? Espera! É perversão? É perversão amar? É muito fácil dizer ao outro que se negue a si mesmo e que carregue a sua cruz. Jesus disse-o, mas quem és tu para o dizeres ao teu próximo? Não terás tu que te negar a ti mesmo e carregar a tua própria cruz? Porventura, te compadecerias do teu próximo e negarias a tua família, casa e lar para que ele não seguisse esta caminhada sozinho? Se ser-se quem é for pecado, hipocrisia não o será também? Mas, se ambos são pecados, e ele não pode deixar de ser um sem que se torne no outro, não poderá ele decidir com qual deles conviverá melhor para o resto dos seus dias? Porque a consciência é dele, e a sua fé só a ele lhe diz respeito e a Deus. Caso contrário, a única solução é a morte, se é que a negação já não é, por si só, a anulação do próprio.


quinta-feira, 19 de junho de 2014

O pai do carpinteiro de Nazaré

A 19 de Março de cada ano comemora-se o dia do pai, sendo no entanto já falecido o meu há vinte anos, gostaria de poder tributar-lhe homenagem, escrevendo algo sobre um homem cujas palavras não foram dignas de ser registadas.
Este personagem tem-me intrigado por causa do seu silêncio, porque o mesmo parece estar recheado de sentido, propósito e até quem sabe de ensino para todos nós.
É impossível que ao longo de trinta anos José nunca tenha partilhado qualquer tipo de diálogo construtivo com o seu filho adoptivo. Durante todo esse tempo os dois partilharam a mesma casa, a mesma  mesa, a  mesma carpintaria, onde um era aprendiz, o outro o instrutor; e  em qualquer destes ambientes haver comunicação verbal é simplesmente natural, assim como numa relação tão chegada haver momentos marcantes entre pai e filho dos quais se pudessem recordar e alegrar.
Embora aos olhos dos evangelistas, tenham sido de pouca relevância as palavras de José, todavia suas atitudes não passaram despercebidas. Uma das características registadas por Mateus, é de que este homem era justo, com toda a certeza também temia a Deus, era conhecedor das profecias concernentes ao Messias e aguardava com todo o fervor a manifestação daquele que era a esperança de Israel, no entanto, longe estava de pensar que tudo isso iria acontecer no seu tempo e com a sua participação activa em todos os acontecimentos.
O pai do carpinteiro de Nazaré conhecia tão bem a lei do seu Deus, assim como os pensamentos e sentimentos do seu legislador. Bem-aventurada a família que ouviu dele as palavras que nunca foram escritas e o mundo que contemplou a nobreza dos seus feitos.
Era carpinteiro, mas procedia como se fosse um príncipe, os mais nobres palácios do seu tempo não eram dignos de que ele os pisasse com a planta dos seus pés. Em termos de serviço prestado a Deus, envergonha todos quantos enveredaram pela futilidade e inutilidade do celibato e vida monástica a pretexto de maior consagração a Deus. Nunca frequentou nenhuma faculdade, nem seminário teológico ou escola de rabinos, no entanto a todos nós dá uma grande lição, colocando ao serviço do seu Senhor, tudo quanto era e possuía. Perante tal grandeza de espírito, o mundo emudeceu e não houve palavras para o descrever. De alguém assim, é para mim privilégio, poder esquadrinhar nas entrelinhas, os pormenores, os gestos e atitudes que fizeram toda a diferença na vida daquele que se tornou o salvador do mundo.
José estava desposado com Maria, e esta achou-se grávida sem que ambos alguma vez se tivessem ajuntado, e não sabendo o que se passava, como bom judeu que era, tinha a lei a seu favor e poderia com toda a legitimidade expor a sua noiva ao apedrejamento por adultério, em vez disso e não a querendo infamar, intentou deixá-la secretamente. Um bom exemplo para nós, quando sem escrúpulos fazemos legítimo uso das leis apenas para satisfazer os ímpetos do nosso ego, sem nos importarmos com a humilhação do nosso próximo. Deus ao contemplar lá do alto a delicadeza da alma deste servo seu, enviou-lhe um anjo que em sonho lhe disse: ”José, não temas receber Maria tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo.” Mt 18:20. A partir daqui a vida deste judeu nunca mais foi a mesma e durante algum tempo da infância de Jesus, foi orientado por Deus através de sonhos.
Admiro a fé deste homem, enquanto Maria teve o privilégio de poder ver, ouvir e falar com o anjo, José somente recebia ordens enquanto estava a dormir e prontamente as obedecia com toda a precisão, tornando-se desta forma o salvador do seu próprio Senhor. Por estranho que pareça, por um pouco de tempo a vida do nosso redentor esteve dependente de um homem a quem ele também chamou de pai (Lc 2:28), caso contrário teria sido vítima do ódio de Herodes, na matança dos infantes de dois anos para baixo.
Ao meditar sobre os procedimentos deste filho de Israel, fico convencido de que um homem assim está à altura de preencher todas as expectativas de Deus. Não há qualquer registo de que o criador se tenha desiludido com o comportamento deste seu servo. Como cidadão cumpriu com os seus deveres cívicos deslocando-se da Galileia até Belém com a sua esposa já grávida, a fim de tomar parte num alistamento decretado pelo imperador romano. Como bom judeu não descuidou as suas obrigações religiosas para com o seu filho Jesus, circuncidando-o ao oitavo dia, e cumprindo-se os dias da purificação, José e Maria levaram o menino a Jerusalém para ser apresentado ao Senhor, levando a cabo dessa forma o que está escrito na lei: “Todo o macho primogénito será consagrado ao Senhor.” Lc 2:21-23.
Lamento  que, em muitos casos, alguns cristãos descuidem os seus deveres cívicos, assim como as suas responsabilidades de pais crentes, achando que é nobre e moderno retardar o baptismo dos seus filhos, para que quando forem adultos, sejam eles a decidirem aquilo que querem ser.
Como bom marido, honrou a sua esposa dando-lhe fartura de filhos. Na cultura judaica era honroso para a mulher ter filhos e era sinal da bênção de Deus. Naquela época a esterilidade feminina era muito comum. Também está escrito no livro dos salmos 127 que diz: “Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava.” Convém salientar que Jesus ao ser privilegiado com tão vasto número de irmãos e irmãs (Mt 13:55, 56) isso dotou-o de um excelente equilíbrio emocional assim como psicológico. Estou certo de que ele deveria ser uma das pessoas mais felizes do mundo pela grande família que possuía.
Para além de protector e trabalhador, José também preocupava-se com a instrução espiritual da família, está escrito: “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens.” Lc 2:59. Nada disto seria possível se não houvesse um pai à altura.
Caro leitor, não desejo que me interprete mal, mas depois de tudo o que já foi escrito, permita-me este desabafo: nenhum ser humano deveria abster-se do matrimónio, a menos que para isso Deus o tenha especialmente dotado, pois é a mais alta instituição divina sobre a face da Terra, nenhum casal deveria privar-se de ter filhos e muito menos privá-los de terem irmãos.
Por mais que as dificuldades nos oprimem e o mundo se corrompa, é nosso dever como cristãos povoá-lo com os nossos filhos instruídos na palavra do Senhor, para que de todo ele não se torne um inferno. Podemos também argumentar, que os nossos filhos não precisam de irmãos, porque no colégio, no jardim-de-infância ou nas escolas podem ter muitos amigos, sim é verdade, mas nunca serão irmãos, ao passo que irmão sempre poderá ser mais que amigo. Irmão muitas vezes pode xingar, incompreender, e até criticar, mas na hora difícil dá-nos a mão, o amigo muitas vezes é só para a ocasião.
Cresci num lar de sete elementos e fui feliz.

Eu e a minha esposa não conseguimos encher a nossa aljava de filhos, mas os que temos são a maior dádiva do Criador.


domingo, 8 de junho de 2014

A Festa do Pentecostes

A festa do Pentecostes é a segunda das três grandes festas anuais a que devia comparecer todo o povo de Israel. Era assim denominada por ser observada no quinquagésimo dia depois da Páscoa. Conhecida também como a festa das semanas ou festa das primícias. Nesta festa, toda a colheita era dedicada a Deus, quem a dera.
Assim como a Páscoa passou a ter para nós cristãos, um novo sentido, por nela Jesus haver triunfado sobre o diabo, o pecado e a morte, também no dia do Pentecostes quando todo o povo se deslocava a Jerusalém para esta grande festa, Deus derramou do seu Espírito, cumprindo desta forma a profecia de Joel, assim como a promessa de Jesus que disse: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.” João 14:15-17.
Estas grandes festas do povo de Israel, celebradas no passado, eram apenas figuras dos grandes feitos do Senhor no futuro. Outrora representavam coisas terrenas e temporais, agora coisas espirituais e eternas. Aquilo que antes era passageiro, hoje tornou-se para nós cristãos, parte integrante de nossas vidas.
Não deveríamos celebrar a Páscoa, se não cremos na ressurreição dos mortos, na remissão dos pecados e na vida eterna. Também é inútil festejarmos o Pentecostes se o Espírito Santo não habita em nós, santificando nossas vidas, orientando nossos pensamentos e comportamentos.
Na nossa cultura açoriana, quando se fala de Pentecostes, associa-se o termo às solenes festividades em louvor ao “Divino Espírito Santo”, onde o povo desfila pelas ruas com coroas, ceptros e estandartes alusivos à terceira pessoa da trindade. Também em cada localidade existem impérios dedicados ao Divino, com suas comissões de mordomos. Quem nos visita e observa toda esta fervorosa devoção, certamente sente-se sensibilizado ao ver tamanha religiosidade. Mas será tudo isto o verdadeiro Espírito Santo de quem o Senhor Jesus nos fala? Falou Ele aos seus discípulos da seguinte forma: “Mas quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há-de vir. Ele me glorificará, porque há-de receber do que é meu, e vo-lo há-de anunciar.” João 16:13, 14.
No livro dos actos dos apóstolos está registado o que realmente aconteceu em Jerusalém: “E cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados… E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem… Todos os peregrinos estavam pasmados e maravilhados, pois ouviam os discípulos falarem das grandezas de Deus, cada qual na sua própria língua em que foram nascidos.” Actos cap.2.
Entristeço-me com a tremenda confusão existente no meio cristão, no que diz respeito à doutrina do Espírito Santo. Tenho observado que em muito daquilo que é pregado e praticado fica notório que muitos cristãos estão muito mal informados ou simplesmente desconhecem o assunto, sendo desta forma levados por outros ventos de doutrina. Desconhecem as escrituras e a arte de julgar os espíritos, afim de se protegerem das ciladas do diabo e honrarem a Deus com verdadeiro entendimento espiritual. O credo niceno também nos resume de forma simples aquilo que está claro nas citações bíblicas atrás citadas da seguinte forma: O Espírito Santo procede do Pai e do Filho, juntamente com o Pai e o Filho é adorado e glorificado. Logo toda a veneração e adoração isolada de tão nobre divindade são inadequadas e heréticas.
Para além de tudo o que já escrevi, gostaria de salientar a acção do Espírito Santo na igreja do primeiro século onde ele era predominante. Podemos observar de forma clara no livro dos actos, que a igreja crescia espontaneamente, caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja, aqueles que se haviam de salvar. Estou a falar de uma igreja, cujos líderes não tinham qualquer tipo de formação a nível universitário, ou mesmo de seminários teológicos, mas tinham o melhor dos professores. Disse Jesus: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” João 14:26.
Não quero de forma alguma subestimar o valor das instituições universitárias e teológicas, somente lamento que se dependa demasiado delas em detrimento do nobre Ensinador, onde na maioria dos casos formam-se líderes de paróquias cujos templos estão cada vez mais vazios e os poucos que lá frequentam, apenas assistem ao serviço religioso por mera tradição e obrigação.
O que é feito do Espírito Santo em nossos dias? Será que Ele apenas existiu para a era apostólica? Disse o apóstolo S. Pedro à multidão que o ouvira pregar no ditoso dia: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja baptizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; porque a promessa vos diz respeito a vós a vossos filhos e a todos os que estão longe; a tantos quantos Deus, nosso Senhor chamar.” AT 2:38, 39.
“Pentecostes não pode significar extinção do Espírito Santo, ele é o fiel servidor da causa divina e as escrituras e a igreja e os santos sacramentos são os seus instrumentos. Auxilia-nos em nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir, como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós, com gemidos inexprimíveis.” Rom 8:26.
A igreja do século XXI não pode prescindir do Espírito Santo, só ele pode convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” João 16:8. Só ele consegue transformar simples diáconos como Estevão e Filipe em príncipes pregadores, destemidos e ousados. Estevão foi até às últimas consequências sendo morto à pedrada.
Uma igreja cheia do Espírito Santo, à semelhança de Estevão, fixaria seus olhos no céu e ele se abriria e contemplaríamos a glória de Deus e a Jesus Cristo que está à sua direita. Os cristãos da actualidade estão demasiado passivos, e a igreja do presente não irá muito longe com crentes domingueiros, espectadores de bancos de igreja, que nos demais dias são tão iguais aos que não têm esperança. Com razão disse Keith Green: “Cristo morreu de braços abertos, será que podemos viver uma vida espiritual de braços cruzados?”