Em texto anterior, referi-me aos dois grandes adventos
históricos, sendo que o primeiro deles, teve como evento o nascimento do nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo. Tal acontecimento não só marcou a história como
também a dividiu.
Quanto ao segundo advento, será a conclusão de toda a
história da humanidade, Jesus não mais surgirá como menino deitado numa
manjedoura, mas virá com poder e grande glória, operará juízo, e retribuirá a
cada um segundo as suas obras, quer sejam boas ou más. Todo o olho o verá, até
mesmo aqueles que o traspassaram, todo o joelho se dobrará diante de Sua majestade
e toda a língua confessará a Deus, de tal maneira que, cada um de nós dará
conta de si mesmo a Deus.
Quero usar este tema, para falar de algo a que lhe chamo de
terceiro advento, quanto a mim não menos importante que qualquer dos outros,
não tem nada a ver com eventos que marcam etapas da história universal, mas sim
tem tudo a ver com aquilo que marca e divide a história de cada um de nós.
Jesus faz-nos o seguinte convite: “Eis que estou à porta, e
bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com
ele cearei, e ele comigo.” Apoc 3:20.
O grande mestre da Galileia, antes de ascender aos céus disse
aos discípulos que estaria connosco até à consumação dos séculos, também disse
durante o seu ministério terreno, que onde estivessem dois ou três reunidos em
seu nome, que estaria no meio deles.
Isto é algo que não está ao alcance dos nossos olhos, nem a
qualquer um dos nossos sentidos físicos, tudo acontece de forma real no campo
espiritual e o cremos pela fé que nos foi concedida pelo misericordioso Deus,
pois suas promessas são infalíveis.
Sendo que o termo advento significa chegada ou vinda, neste
sentido, Deus quer vir a nós de forma real consciente e contínua, e para tal,
Ele usa alguns meios que nos são dispensados por sua graça para que esse
acontecimento se torne palpável e facilmente perceptível sua presença.
Um dos meios através do qual Deus vem a nós é sem dúvida
alguma sua santa palavra, disse Jesu: “Se alguém me ama, guardará a minha
palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.” João
14:23. Também afirmou o Apóstolo Pedro: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens
as palavras da vida eterna. Por isso, e para tanto, faz-se necessário que
possuamos um exemplar das sagradas escrituras e participemos regularmente de um
verdadeiro culto cristão.
O Senhor Jesus também vem até nós através dos sacramentos
quando devidamente ministrados, lamento muito que alguns ministros
eclesiásticos afirmem, que estes meios, são meras ordenanças que nos compete obedecer,
mas que em si mesmas não têm qualquer virtude, não nos conferindo qualquer tipo
de bem ou mal. Estou a referir-me especificamente ao Santo Baptismo e Ceia do
Senhor. Jesus, considerou o baptismo de João como sendo do céu, Lc 20:4-6 e
como tal, do céu só poder vir virtude e bênçãos, a graça do bondoso Deus para
nos purificar de todos os nossos pecados. A solenidade de tal acto é de tão
suma importância, que o Deus triuno faz questão de se fazer representar, disse
Jesus: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai, e
do Filho e do Espírito Santo.” MT 28:19.
Algumas comunidades cristãs enfatizam muito o facto de as
pessoas terem um encontro pessoal com Deus, mas se eu desclassificar o
baptismo, como posso encontrar conforto nas palavras de Jesus quando diz:
“Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” MT
11:28. Se o bom Mestre não está a falar do cansaço e opressão física,
certamente está a referir-se ao pecado e domínio de Satanás.
O apóstolo S. Pedro no dia de Pentecostes disse o seguinte:
“Arrependei-vos, e cada um de vós seja baptizado em nome de Jesus Cristo, para
perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.” AT 2:38. A partir
deste ponto podemos muito bem encaixar as restantes palavras de Jesus em
Mateus: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde
de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é
suave e o meu fardo é leve.” MT 11:29-30.
Não quero alongar-me mais em matéria de baptismo, pois sobre
esta doutrina espero vir a escrever de forma exaustiva para que não haja margem
para contradições e não lance ninguém em confusão. Neste momento basta-nos
saber isto: que o Deus triuno, no acto do baptismo trata com cada um de nós de
forma pessoal, recrutando-nos para fazer parte do Seu Reino. Quanto à ceia do
Senhor, ou sacramento do altar, o Senhor Jesus vem até nós oferecendo o seu
próprio corpo sacrificado para perdão dos nossos pecados. Alguns cristãos
atribuem a este evento mero simbolismo e memorial daquilo que Cristo fez por
nós. No entanto o apóstolo S. Paulo diz-nos na I epístola aos coríntios: “que
ao tomarmos o pão comungamos o corpo de Cristo e ao bebermos do cálice temos
comunhão com o seu sangue… qualquer que comer o pão, ou beber o cálice do
Senhor, indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Porque, o
que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não
discernindo o corpo do Senhor.” Sei que para nossa mente racional é difícil
compreender as realidades espirituais, vivemos limitados pelo corpo do pecado,
mas o grande apóstolo dos gentios diz que o homem espiritual discerne tudo bem,
mas de ninguém é discernido, ocupa-se com as coisas que são de cima, e não com
as que são da terra, comparando as coisas espirituais, com as espirituais, já
ressuscitou com Cristo, é uma nova criatura, vive por fé, prosseguindo para o
alvo, pelo prémio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
No primeiro texto de referência o Senhor Jesus está-se
dirigindo à igreja de Laodicéia Apoc 3:14-22. Seu descontentamento é absoluto,
Ele conhece de perto as suas obras, o comportamento desta igreja não era quente
nem frio, sua mornidão provocava vómitos ao seu Senhor, considerava-se rica, de
nada tendo falta, não sabendo que era desgraçada, miserável, pobre, cega e nua.
Sua conduta era tal que Jesus já não fazia mais parte daquela comunidade. Ele
agora estava do lado de fora, novamente batendo à porta, esperando que alguém
ouça sua voz, a reconheça, e de novo se abra para Ele.
O Senhor Jesus parece ser duro com esta sua igreja, mas Ele
diz o seguinte: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo… Ao que vencer, lhe
concederei que se assente comigo, no meu trono, assim como eu venci, e me
assentei com meu Pai, no seu trono.
Advento não tem sentido, se a cada momento Deus não vem a nós
renovando nossas vidas e revestindo-nos de uma nova esperança duradoura. O
natal não tem razão de ser, se o menino de Belém não é o centro das atenções.
Seu nascimento foi sem igual, sua vida incomparável, sua morte abalou o
universo e a sua ressurreição tem tanto de improvável como de inegável, é uma
realidade única, que só a fé a pode abraçar.
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