Ainda está bem presente na minha memória, era eu criança,
quando a minha mãe mostrou-me um livro cujo título era: O Rei Vindouro.
Sei que o li e embora não conseguisse perceber muito do
assunto, dava para entender que se tratava de relatos de acontecimentos que
precederiam a segunda vinda do nosso Senhor Jesus Cristo, o fim do mundo e o
juízo final.
No dia 21 de Dezembro de 2012, o mundo inteiro esteve na
expectativa de um iminente colapso, muitos na sua simplicidade acreditaram que
o mundo ia mesmo acabar, mas o facto é que não acabou. Os fenómenos
apocalípticos do passado eram oriundos de fanatismos religiosos ou de
especuladores oportunistas que sabiam tirar partido da ignorância e convenciam
multidões de que as suas mentiras eram pura verdade, por fim o fiasco era
inevitável. Hoje por sua vez está surgindo algo muito subtil a que chamo de
pseudociência, com os seus especuladores dotados de sentido de oportunismo, que
sempre sabem como aproveitar o melhor das situações.
Deveríamos ser sóbrios, honestos e também realistas, é
exagero andarmos a prognosticar finais dos tempos, mas também é leviandade
supormos que tudo o que agora existe nunca terá fim. Certamente o fim que nos
espera, está longe de ser aquilo que nós esperamos, ultrapassa a nossa
imaginação e controlo, mas não ao do Criador. Disse Jesus: “o céu e terra
passarão mas as minhas palavras não hão-de passar. Porém, daquele dia e hora
ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas unicamente meu Pai.” MT
24:35;36.
Estamos no advento, é o primeiro tempo do ano litúrgico e
serve como preparação para a vinda de Cristo, ou seja o Natal, como também para
o seu retorno.
A história da humanidade está dividida em dois grandes
adventos, o termo em si significa: vinda ou chegada. O primeiro teve o seu
início no Éden, quando Deus disse à serpente: “e porei inimizade entre ti e a
mulher, e entre a tua semente e a sua semente: esta te ferirá a cabeça, e tu
lhe ferirás o calcanhar.” gn 3:15 e culminou com o anúncio do anjo aos pastores
dizendo: “Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que
será para todo o povo: Pois na cidade de David, vos nasceu hoje o Salvador, que
é Cristo o Senhor.” Lc 2:10,11.
Desde a profecia proferida no jardim de Deus, até ao
nascimento de Jesus, decorreram alguns milénios, o povo conhecia as escrituras
assim como os mestres de Israel, pois não só Moisés como também profetas se
referiram a tão espectacular evento, no entanto com o decorrer do tempo a
esperança de um Cristo redentor se tornara apenas um elo cultural que unia um
povo e o diferenciava dos demais povos, pois não somente Herodes como também
toda Jerusalém perturbou-se, quando uns magos vindos do oriente perguntaram
dizendo: “Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela
e viemos a adorá-lo.” MT 2:2,3.
Agora a humanidade está a viver o segundo advento que teve o
seu início no dia da ascensão do Senhor, disseram os anjos aos discípulos:
“Varões galileus por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que de entre
vós foi recebido em cima no céu, há-de vir, assim como para o céu o vistes ir.”
AT1:11 e culminará
quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, e
se assentar no trono da sua glória.” MT 25:31.
Também já se passaram dois milénios e tudo continua como
desde o princípio e até mesmo os cristãos mais devotos parecem ter esquecido a
promessa, e o retorno do Senhor tornou-se uma crença em vez de uma esperança.
Muitas vezes ignoramos isto: que um dia para o Senhor é como mil anos e mil anos
como um dia. “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a tenham
por tardia, pois não quer que alguns se percam senão que todos venham a
arrepender-se.” II Pe 3:8,9.
Os especuladores com os seus prognósticos forjados levam
pessoas mal informadas ao desespero e ao suicídio, a vinda do Senhor deveria
ser encarada com o mesmo espírito da noite de Natal: “Não temais: pois eis aqui
vos trago novas de grande alegria. Disse Jesus: Não se turbe o vosso coração:
credes em Deus, crede, também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; vou
preparar-vos lugar. E, se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos
levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também. Jo
14:1-3.
O pavor e o terror das coisas futuras não são para nós os que
realmente cremos em Cristo, se tão somente perseverarmos até ao fim e lhe
formos fiéis até à morte. Mas ai dos que blasfemam de Deus, praticam a
iniquidade e rejeitam o bendito Filho de Deus, para os tais há um fogo eterno
preparado, na companhia do diabo e seus anjos, onde haverá pranto e ranger de
dentes.
Os sucessivos fiascos apocalípticos têm levado muitas pessoas
ao cepticismo, se antes estavam confusas, agora sentem-se completamente
baralhadas, a igreja tem um desempenho, preponderante a este respeito, mas em
muitos casos, fala de uma verdade, como se fosse mentira, enquanto muitos
proferem mentiras tão entusiasticamente, que até parecem verdades.
A expressão: o mundo só acaba para quem morre, é muito comum
e aproxima-nos muito da realidade, está mais próximo de nós e não é difícil
concluir que este fenómeno atingir-nos-á, no entanto é utópico pensar que só os
seres vivos estão sujeitos a colapso de vida. Toda a criação teve um princípio
e por causa do pecado terá um fim, mas isso não nos dá o direito de
determinarmos os tempos e os dias e muito menos a ordem dos acontecimentos.
Fim do mundo, último dia, dia do juízo e dia do Senhor, são
termos comuns nas sagradas escrituras, alguns deles proferidos pelo mestre da
Galileia, neste Homem eu creio, porque na sua boca nunca se achou engano e a
mentira não fazia parte da sua indumentária verbal.
Se pretendermos pensar em termos apocalípticos a sério, temos
que imaginar algo superior ao simples extermínio do planeta terra, quando Jesus
refere: “o céu e a terra passarão, isto tem a ver com uma destruição massiva de
todo o universo, onde não haverá escapatória possível no que diz respeito a
recursos humanos, mas não fiquemos alarmados porque nesse dia todo o verdadeiro
cristão estará com o seu Senhor e todos estes acontecimentos serão apenas um
espectáculo de pirotecnia de Deus para nós.” II Pe 3:10-12. Depois tudo será
recriado novamente.
Os relatos bíblicos quanto ao fim de tudo, podem parecer
ficção, mas têm o doce paladar da verdade e creio sem reservas em tudo o que as
escrituras falam a este respeito, porque está longe de poder ser manipulado e
especulado pela mente humana e servir os seus egocêntricos interesses, ao
contrário disso é o Criador que age em favor daqueles que lhe são fiéis
coroando-os com o dom de vida eterna.
Que este tempo do advento sirva para reavaliarmos a nossa fé,
reflectirmos no verdadeiro sentido do Natal: Jesus nasceu, viveu, morreu e
ressuscitou, por nós e para nós, e um dia amorosamente voltará para nós e por
nós e nos levará para estarmos sempre com Ele na casa do Pai, onde há muitas
moradas.
Depois de tudo isto é momento de fazermos coro com o velho
apóstolo João: “Ora vem, Senhor Jesus.” Apoc 22:20.
Tive o livro"o rei vindouro"nas mãos nos anos 50 não sei se é exatamente esse que estou lendo na tela do meu computador, só sei que o livro ficou inesquecível tanto que apos todo esse tempo passado continuo me lembrado de suas leituras,porem nunca mais tive oportunidade de ler novamente.É isso.
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