quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O Rei Vindouro

Ainda está bem presente na minha memória, era eu criança, quando a minha mãe mostrou-me um livro cujo título era: O Rei Vindouro.
Sei que o li e embora não conseguisse perceber muito do assunto, dava para entender que se tratava de relatos de acontecimentos que precederiam a segunda vinda do nosso Senhor Jesus Cristo, o fim do mundo e o juízo final.
No dia 21 de Dezembro de 2012, o mundo inteiro esteve na expectativa de um iminente colapso, muitos na sua simplicidade acreditaram que o mundo ia mesmo acabar, mas o facto é que não acabou. Os fenómenos apocalípticos do passado eram oriundos de fanatismos religiosos ou de especuladores oportunistas que sabiam tirar partido da ignorância e convenciam multidões de que as suas mentiras eram pura verdade, por fim o fiasco era inevitável. Hoje por sua vez está surgindo algo muito subtil a que chamo de pseudociência, com os seus especuladores dotados de sentido de oportunismo, que sempre sabem como aproveitar o melhor das situações.
Deveríamos ser sóbrios, honestos e também realistas, é exagero andarmos a prognosticar finais dos tempos, mas também é leviandade supormos que tudo o que agora existe nunca terá fim. Certamente o fim que nos espera, está longe de ser aquilo que nós esperamos, ultrapassa a nossa imaginação e controlo, mas não ao do Criador. Disse Jesus: “o céu e terra passarão mas as minhas palavras não hão-de passar. Porém, daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas unicamente meu Pai.” MT 24:35;36.
Estamos no advento, é o primeiro tempo do ano litúrgico e serve como preparação para a vinda de Cristo, ou seja o Natal, como também para o seu retorno.
A história da humanidade está dividida em dois grandes adventos, o termo em si significa: vinda ou chegada. O primeiro teve o seu início no Éden, quando Deus disse à serpente: “e porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente: esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” gn 3:15 e culminou com o anúncio do anjo aos pastores dizendo: “Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois na cidade de David, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo o Senhor.” Lc 2:10,11.
Desde a profecia proferida no jardim de Deus, até ao nascimento de Jesus, decorreram alguns milénios, o povo conhecia as escrituras assim como os mestres de Israel, pois não só Moisés como também profetas se referiram a tão espectacular evento, no entanto com o decorrer do tempo a esperança de um Cristo redentor se tornara apenas um elo cultural que unia um povo e o diferenciava dos demais povos, pois não somente Herodes como também toda Jerusalém perturbou-se, quando uns magos vindos do oriente perguntaram dizendo: “Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela e viemos a adorá-lo.” MT 2:2,3.
Agora a humanidade está a viver o segundo advento que teve o seu início no dia da ascensão do Senhor, disseram os anjos aos discípulos: “Varões galileus por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que de entre vós foi recebido em cima no céu, há-de vir, assim como para o céu o vistes ir.” AT1:11 e culminará quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, e se assentar no trono da sua glória.” MT 25:31.
Também já se passaram dois milénios e tudo continua como desde o princípio e até mesmo os cristãos mais devotos parecem ter esquecido a promessa, e o retorno do Senhor tornou-se uma crença em vez de uma esperança. Muitas vezes ignoramos isto: que um dia para o Senhor é como mil anos e mil anos como um dia. “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a tenham por tardia, pois não quer que alguns se percam senão que todos venham a arrepender-se.” II Pe 3:8,9.
Os especuladores com os seus prognósticos forjados levam pessoas mal informadas ao desespero e ao suicídio, a vinda do Senhor deveria ser encarada com o mesmo espírito da noite de Natal: “Não temais: pois eis aqui vos trago novas de grande alegria. Disse Jesus: Não se turbe o vosso coração: credes em Deus, crede, também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; vou preparar-vos lugar. E, se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também. Jo 14:1-3.
O pavor e o terror das coisas futuras não são para nós os que realmente cremos em Cristo, se tão somente perseverarmos até ao fim e lhe formos fiéis até à morte. Mas ai dos que blasfemam de Deus, praticam a iniquidade e rejeitam o bendito Filho de Deus, para os tais há um fogo eterno preparado, na companhia do diabo e seus anjos, onde haverá pranto e ranger de dentes.
Os sucessivos fiascos apocalípticos têm levado muitas pessoas ao cepticismo, se antes estavam confusas, agora sentem-se completamente baralhadas, a igreja tem um desempenho, preponderante a este respeito, mas em muitos casos, fala de uma verdade, como se fosse mentira, enquanto muitos proferem mentiras tão entusiasticamente, que até parecem verdades.
A expressão: o mundo só acaba para quem morre, é muito comum e aproxima-nos muito da realidade, está mais próximo de nós e não é difícil concluir que este fenómeno atingir-nos-á, no entanto é utópico pensar que só os seres vivos estão sujeitos a colapso de vida. Toda a criação teve um princípio e por causa do pecado terá um fim, mas isso não nos dá o direito de determinarmos os tempos e os dias e muito menos a ordem dos acontecimentos.
Fim do mundo, último dia, dia do juízo e dia do Senhor, são termos comuns nas sagradas escrituras, alguns deles proferidos pelo mestre da Galileia, neste Homem eu creio, porque na sua boca nunca se achou engano e a mentira não fazia parte da sua indumentária verbal.
Se pretendermos pensar em termos apocalípticos a sério, temos que imaginar algo superior ao simples extermínio do planeta terra, quando Jesus refere: “o céu e a terra passarão, isto tem a ver com uma destruição massiva de todo o universo, onde não haverá escapatória possível no que diz respeito a recursos humanos, mas não fiquemos alarmados porque nesse dia todo o verdadeiro cristão estará com o seu Senhor e todos estes acontecimentos serão apenas um espectáculo de pirotecnia de Deus para nós.” II Pe 3:10-12. Depois tudo será recriado novamente.
Os relatos bíblicos quanto ao fim de tudo, podem parecer ficção, mas têm o doce paladar da verdade e creio sem reservas em tudo o que as escrituras falam a este respeito, porque está longe de poder ser manipulado e especulado pela mente humana e servir os seus egocêntricos interesses, ao contrário disso é o Criador que age em favor daqueles que lhe são fiéis coroando-os com o dom de vida eterna.
Que este tempo do advento sirva para reavaliarmos a nossa fé, reflectirmos no verdadeiro sentido do Natal: Jesus nasceu, viveu, morreu e ressuscitou, por nós e para nós, e um dia amorosamente voltará para nós e por nós e nos levará para estarmos sempre com Ele na casa do Pai, onde há muitas moradas.

Depois de tudo isto é momento de fazermos coro com o velho apóstolo João: “Ora vem, Senhor Jesus.” Apoc 22:20.


1 comentário:

  1. Tive o livro"o rei vindouro"nas mãos nos anos 50 não sei se é exatamente esse que estou lendo na tela do meu computador, só sei que o livro ficou inesquecível tanto que apos todo esse tempo passado continuo me lembrado de suas leituras,porem nunca mais tive oportunidade de ler novamente.É isso.

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