domingo, 8 de junho de 2014

A Festa do Pentecostes

A festa do Pentecostes é a segunda das três grandes festas anuais a que devia comparecer todo o povo de Israel. Era assim denominada por ser observada no quinquagésimo dia depois da Páscoa. Conhecida também como a festa das semanas ou festa das primícias. Nesta festa, toda a colheita era dedicada a Deus, quem a dera.
Assim como a Páscoa passou a ter para nós cristãos, um novo sentido, por nela Jesus haver triunfado sobre o diabo, o pecado e a morte, também no dia do Pentecostes quando todo o povo se deslocava a Jerusalém para esta grande festa, Deus derramou do seu Espírito, cumprindo desta forma a profecia de Joel, assim como a promessa de Jesus que disse: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.” João 14:15-17.
Estas grandes festas do povo de Israel, celebradas no passado, eram apenas figuras dos grandes feitos do Senhor no futuro. Outrora representavam coisas terrenas e temporais, agora coisas espirituais e eternas. Aquilo que antes era passageiro, hoje tornou-se para nós cristãos, parte integrante de nossas vidas.
Não deveríamos celebrar a Páscoa, se não cremos na ressurreição dos mortos, na remissão dos pecados e na vida eterna. Também é inútil festejarmos o Pentecostes se o Espírito Santo não habita em nós, santificando nossas vidas, orientando nossos pensamentos e comportamentos.
Na nossa cultura açoriana, quando se fala de Pentecostes, associa-se o termo às solenes festividades em louvor ao “Divino Espírito Santo”, onde o povo desfila pelas ruas com coroas, ceptros e estandartes alusivos à terceira pessoa da trindade. Também em cada localidade existem impérios dedicados ao Divino, com suas comissões de mordomos. Quem nos visita e observa toda esta fervorosa devoção, certamente sente-se sensibilizado ao ver tamanha religiosidade. Mas será tudo isto o verdadeiro Espírito Santo de quem o Senhor Jesus nos fala? Falou Ele aos seus discípulos da seguinte forma: “Mas quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há-de vir. Ele me glorificará, porque há-de receber do que é meu, e vo-lo há-de anunciar.” João 16:13, 14.
No livro dos actos dos apóstolos está registado o que realmente aconteceu em Jerusalém: “E cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados… E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem… Todos os peregrinos estavam pasmados e maravilhados, pois ouviam os discípulos falarem das grandezas de Deus, cada qual na sua própria língua em que foram nascidos.” Actos cap.2.
Entristeço-me com a tremenda confusão existente no meio cristão, no que diz respeito à doutrina do Espírito Santo. Tenho observado que em muito daquilo que é pregado e praticado fica notório que muitos cristãos estão muito mal informados ou simplesmente desconhecem o assunto, sendo desta forma levados por outros ventos de doutrina. Desconhecem as escrituras e a arte de julgar os espíritos, afim de se protegerem das ciladas do diabo e honrarem a Deus com verdadeiro entendimento espiritual. O credo niceno também nos resume de forma simples aquilo que está claro nas citações bíblicas atrás citadas da seguinte forma: O Espírito Santo procede do Pai e do Filho, juntamente com o Pai e o Filho é adorado e glorificado. Logo toda a veneração e adoração isolada de tão nobre divindade são inadequadas e heréticas.
Para além de tudo o que já escrevi, gostaria de salientar a acção do Espírito Santo na igreja do primeiro século onde ele era predominante. Podemos observar de forma clara no livro dos actos, que a igreja crescia espontaneamente, caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja, aqueles que se haviam de salvar. Estou a falar de uma igreja, cujos líderes não tinham qualquer tipo de formação a nível universitário, ou mesmo de seminários teológicos, mas tinham o melhor dos professores. Disse Jesus: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” João 14:26.
Não quero de forma alguma subestimar o valor das instituições universitárias e teológicas, somente lamento que se dependa demasiado delas em detrimento do nobre Ensinador, onde na maioria dos casos formam-se líderes de paróquias cujos templos estão cada vez mais vazios e os poucos que lá frequentam, apenas assistem ao serviço religioso por mera tradição e obrigação.
O que é feito do Espírito Santo em nossos dias? Será que Ele apenas existiu para a era apostólica? Disse o apóstolo S. Pedro à multidão que o ouvira pregar no ditoso dia: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja baptizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; porque a promessa vos diz respeito a vós a vossos filhos e a todos os que estão longe; a tantos quantos Deus, nosso Senhor chamar.” AT 2:38, 39.
“Pentecostes não pode significar extinção do Espírito Santo, ele é o fiel servidor da causa divina e as escrituras e a igreja e os santos sacramentos são os seus instrumentos. Auxilia-nos em nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir, como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós, com gemidos inexprimíveis.” Rom 8:26.
A igreja do século XXI não pode prescindir do Espírito Santo, só ele pode convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” João 16:8. Só ele consegue transformar simples diáconos como Estevão e Filipe em príncipes pregadores, destemidos e ousados. Estevão foi até às últimas consequências sendo morto à pedrada.
Uma igreja cheia do Espírito Santo, à semelhança de Estevão, fixaria seus olhos no céu e ele se abriria e contemplaríamos a glória de Deus e a Jesus Cristo que está à sua direita. Os cristãos da actualidade estão demasiado passivos, e a igreja do presente não irá muito longe com crentes domingueiros, espectadores de bancos de igreja, que nos demais dias são tão iguais aos que não têm esperança. Com razão disse Keith Green: “Cristo morreu de braços abertos, será que podemos viver uma vida espiritual de braços cruzados?”




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