terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Por um Natal de verdade

A história do Natal, está muito longe de se poder considerar uma lenda, um conto fantasiado, ou uma mentira bem-intencionada. Também não é uma narrativa fabulosa de origem popular, relatando proezas de um Deus mitológico.
Há algum tempo atrás ouvi alguém dizer: “o único facto histórico do Natal, é o nascimento de Jesus, e todos os restantes relatos bíblicos relacionados com a infância do menino, são uma tentativa dos escritores, darem um sentido religioso a esse facto.”
Cada teólogo é livre de opinar seja o que for, mas todo aquele que estuda as sagradas escrituras e sobre o seu Autor, aconselho que faça uso de prudência, disse Jesus: “Mas eu vos digo que, de toda a palavra ociosa que os homens disserem, hão-de dar conta no dia do juízo. Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado.” MT 12:36, 37.
Nada consegue dar-me maior gozo, do que estudar a santa palavra de Deus, conhecer a Jesus Cristo seu único Filho e falar de toda a verdade que Ele representa, pois disse Ele: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.” João 14:6. Estou consciente da responsabilidade que isto acarreta, tenho que medir bem as minhas palavras, para que não sejam frívolas e irresponsáveis. Já tenho observado cristãos a discutirem e a debaterem-se pelas suas convicções, não os censuro de todo, também em algumas ocasiões fiz algo idêntico, hoje limito-me a falar ou como neste caso a escrever sobre elas.
Estamos em tempo de Natal, é uma festa que consegue mobilizar todas as classes sociais, raças e os mais variados credos religiosos de origem cristã. Quero salientar que apesar da magia envolvente de toda esta época, esta festividade não é bíblica, os cristãos dos primeiros séculos não a celebravam, mas isso não invalida a veracidade dos factos narrados. E é de todo justo que a dada altura a igreja tenha decidido comemorar o nascimento, ou a encarnação do ser mais excelso de todo o universo.
Já são decorridos alguns séculos, desde que tudo começou, o Natal tem vindo a degenerar-se, passou a ser uma festa que em muito favorece o comércio, e está tão desvinculada do seu sentido cristão original, que até mesmo políticos ateus confessos, conseguem fazer passar as suas mensagens de Boas Festas através dos órgãos de comunicação social.
O que dizer daquele personagem de fato vermelho e barbas brancas que é o encanto das crianças, é o mito que se desloca no espaço, num trenó puxado por renas a fim de deixar as prendas através das chaminés nos sapatinhos dos meninos bem comportados, roubando desta forma a honra não só a Deus que tudo concede, como também aqueles pais que durante o ano inteiro trabalharam arduamente para ganharem o sustento da família e naquele dia lembrado presentearem os seus filhos com algo diferente. O Natal para ser mágico não necessita de estar envolto por mitos, lendas e mentiras por mais inocentes que pareçam. A magia do Natal foi muito bem expressa pela multidão dos exércitos celestiais, que em louvor diziam: “Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens.” Lc 2:13, 14. Isto quer dizer que Deus em sua misericórdia, em vez de condenar o mundo por causa dos seus pecados, decidiu oferecer o seu único Filho para o poder resgatar.
O Natal também ganhou o estatuto de festa da família. Eu pergunto: desculpem-me, mas o Natal é a festa de quem? Eu ficaria muito triste, se no dia do meu aniversário, a minha casa estivesse cheia de gente, e fosse eu o único elemento não convidado. Infelizmente na maioria dos casos o Natal de hoje é apenas isto: na grande noite famílias inteiras reúnem-se em volta de uma mesa, bem recheada de todas as iguarias, comem, bebem, folgam, trocam prendas mas esquecem-se do aniversariante. Faço outra pergunta: quantas famílias na noite de Natal, antes de se banquetearem, fazem um pequeno discursos relembrando o aniversariante ou no mínimo uma oração de ação de graças?
Sou pai, meus filhos hoje já são adultos, mas quando crianças, por causa das dificuldades da vida, tanto eu como a minha esposa, nem sempre lhes pudemos comprar o que gostariam de possuir, muitos dos brinquedos da infância deles, eram de segunda mão, oferecidos por amigos nossos que tinham filhos mais velhos, mas do melhor que possuíamos investimos neles com todo o empenho, como o semeador quando lança a semente à terra e espera colher dela o seu fruto. Eram bem crianças, ainda nem sabiam ler, gostavam muito de sentarem-se no meu colo enquanto eu preparava alguns estudos bíblicos, e assim começaram a familiarizarem-se com o conteúdo sagrado, foi-lhes ensinado o catecismo e do melhor que sabíamos tudo lhes foi transmitido até hoje.
Os nossos filhos não são os melhores do mundo, mas são tudo aquilo que investimos neles, por isso no mínimo são tão imperfeitos quanto os seus pais.
O mundo pode ser muito bem melhor, se todos nós investirmos nos nossos filhos tudo aquilo que é verdadeiro, puro, santo e agradável a Deus. Façamos como o criador do universo, Ele investiu o melhor que possuía o seu Filho único para que pudéssemos ter esperança.

Natal é sobretudo mensagem de esperança, amor, perdão de pecados e de vida eterna. Que possamos neste ano fazer de Jesus o centro das atenções, que as famílias possam reunir-se à volta da mesa não desprezando o mais importante elemento da festa, o Emanuel, que quer dizer: “Deus connosco.” MT 1:23.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O terceiro advento

Em texto anterior, referi-me aos dois grandes adventos históricos, sendo que o primeiro deles, teve como evento o nascimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Tal acontecimento não só marcou a história como também a dividiu.
Quanto ao segundo advento, será a conclusão de toda a história da humanidade, Jesus não mais surgirá como menino deitado numa manjedoura, mas virá com poder e grande glória, operará juízo, e retribuirá a cada um segundo as suas obras, quer sejam boas ou más. Todo o olho o verá, até mesmo aqueles que o traspassaram, todo o joelho se dobrará diante de Sua majestade e toda a língua confessará a Deus, de tal maneira que, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.
Quero usar este tema, para falar de algo a que lhe chamo de terceiro advento, quanto a mim não menos importante que qualquer dos outros, não tem nada a ver com eventos que marcam etapas da história universal, mas sim tem tudo a ver com aquilo que marca e divide a história de cada um de nós.
Jesus faz-nos o seguinte convite: “Eis que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.” Apoc 3:20.
O grande mestre da Galileia, antes de ascender aos céus disse aos discípulos que estaria connosco até à consumação dos séculos, também disse durante o seu ministério terreno, que onde estivessem dois ou três reunidos em seu nome, que estaria no meio deles.
Isto é algo que não está ao alcance dos nossos olhos, nem a qualquer um dos nossos sentidos físicos, tudo acontece de forma real no campo espiritual e o cremos pela fé que nos foi concedida pelo misericordioso Deus, pois suas promessas são infalíveis.
Sendo que o termo advento significa chegada ou vinda, neste sentido, Deus quer vir a nós de forma real consciente e contínua, e para tal, Ele usa alguns meios que nos são dispensados por sua graça para que esse acontecimento se torne palpável e facilmente perceptível sua presença.
Um dos meios através do qual Deus vem a nós é sem dúvida alguma sua santa palavra, disse Jesu: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.” João 14:23. Também afirmou o Apóstolo Pedro: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. Por isso, e para tanto, faz-se necessário que possuamos um exemplar das sagradas escrituras e participemos regularmente de um verdadeiro culto cristão.
O Senhor Jesus também vem até nós através dos sacramentos quando devidamente ministrados, lamento muito que alguns ministros eclesiásticos afirmem, que estes meios, são meras ordenanças que nos compete obedecer, mas que em si mesmas não têm qualquer virtude, não nos conferindo qualquer tipo de bem ou mal. Estou a referir-me especificamente ao Santo Baptismo e Ceia do Senhor. Jesus, considerou o baptismo de João como sendo do céu, Lc 20:4-6 e como tal, do céu só poder vir virtude e bênçãos, a graça do bondoso Deus para nos purificar de todos os nossos pecados. A solenidade de tal acto é de tão suma importância, que o Deus triuno faz questão de se fazer representar, disse Jesus: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo.” MT 28:19.
Algumas comunidades cristãs enfatizam muito o facto de as pessoas terem um encontro pessoal com Deus, mas se eu desclassificar o baptismo, como posso encontrar conforto nas palavras de Jesus quando diz: “Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” MT 11:28. Se o bom Mestre não está a falar do cansaço e opressão física, certamente está a referir-se ao pecado e domínio de Satanás.
O apóstolo S. Pedro no dia de Pentecostes disse o seguinte: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja baptizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.” AT 2:38. A partir deste ponto podemos muito bem encaixar as restantes palavras de Jesus em Mateus: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” MT 11:29-30.
Não quero alongar-me mais em matéria de baptismo, pois sobre esta doutrina espero vir a escrever de forma exaustiva para que não haja margem para contradições e não lance ninguém em confusão. Neste momento basta-nos saber isto: que o Deus triuno, no acto do baptismo trata com cada um de nós de forma pessoal, recrutando-nos para fazer parte do Seu Reino. Quanto à ceia do Senhor, ou sacramento do altar, o Senhor Jesus vem até nós oferecendo o seu próprio corpo sacrificado para perdão dos nossos pecados. Alguns cristãos atribuem a este evento mero simbolismo e memorial daquilo que Cristo fez por nós. No entanto o apóstolo S. Paulo diz-nos na I epístola aos coríntios: “que ao tomarmos o pão comungamos o corpo de Cristo e ao bebermos do cálice temos comunhão com o seu sangue… qualquer que comer o pão, ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Porque, o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor.” Sei que para nossa mente racional é difícil compreender as realidades espirituais, vivemos limitados pelo corpo do pecado, mas o grande apóstolo dos gentios diz que o homem espiritual discerne tudo bem, mas de ninguém é discernido, ocupa-se com as coisas que são de cima, e não com as que são da terra, comparando as coisas espirituais, com as espirituais, já ressuscitou com Cristo, é uma nova criatura, vive por fé, prosseguindo para o alvo, pelo prémio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
No primeiro texto de referência o Senhor Jesus está-se dirigindo à igreja de Laodicéia Apoc 3:14-22. Seu descontentamento é absoluto, Ele conhece de perto as suas obras, o comportamento desta igreja não era quente nem frio, sua mornidão provocava vómitos ao seu Senhor, considerava-se rica, de nada tendo falta, não sabendo que era desgraçada, miserável, pobre, cega e nua. Sua conduta era tal que Jesus já não fazia mais parte daquela comunidade. Ele agora estava do lado de fora, novamente batendo à porta, esperando que alguém ouça sua voz, a reconheça, e de novo se abra para Ele.
O Senhor Jesus parece ser duro com esta sua igreja, mas Ele diz o seguinte: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo… Ao que vencer, lhe concederei que se assente comigo, no meu trono, assim como eu venci, e me assentei com meu Pai, no seu trono.

Advento não tem sentido, se a cada momento Deus não vem a nós renovando nossas vidas e revestindo-nos de uma nova esperança duradoura. O natal não tem razão de ser, se o menino de Belém não é o centro das atenções. Seu nascimento foi sem igual, sua vida incomparável, sua morte abalou o universo e a sua ressurreição tem tanto de improvável como de inegável, é uma realidade única, que só a fé a pode abraçar.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Minha oração a Jesus


Senhor Jesus, hoje não quero chorar. Muitas vezes caminho pelo vale tenebroso, carregando minha cruz.

Tantas outras, sinto-me num deserto sem oásis, rugindo como leão o tentador.

Ajuda-me a ouvir a tua voz no silêncio.

A ver tuas pegadas na areia enquanto me carregas ao colo.

Quero sentir alegria no raiar do novo dia e dar-te graças por aquele que terminou.

Dá-me aptidão para responder sempre com mansidão e temor, a qualquer que me pedir a razão da esperança que há em mim. Amo-te Senhor.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O Rei Vindouro

Ainda está bem presente na minha memória, era eu criança, quando a minha mãe mostrou-me um livro cujo título era: O Rei Vindouro.
Sei que o li e embora não conseguisse perceber muito do assunto, dava para entender que se tratava de relatos de acontecimentos que precederiam a segunda vinda do nosso Senhor Jesus Cristo, o fim do mundo e o juízo final.
No dia 21 de Dezembro de 2012, o mundo inteiro esteve na expectativa de um iminente colapso, muitos na sua simplicidade acreditaram que o mundo ia mesmo acabar, mas o facto é que não acabou. Os fenómenos apocalípticos do passado eram oriundos de fanatismos religiosos ou de especuladores oportunistas que sabiam tirar partido da ignorância e convenciam multidões de que as suas mentiras eram pura verdade, por fim o fiasco era inevitável. Hoje por sua vez está surgindo algo muito subtil a que chamo de pseudociência, com os seus especuladores dotados de sentido de oportunismo, que sempre sabem como aproveitar o melhor das situações.
Deveríamos ser sóbrios, honestos e também realistas, é exagero andarmos a prognosticar finais dos tempos, mas também é leviandade supormos que tudo o que agora existe nunca terá fim. Certamente o fim que nos espera, está longe de ser aquilo que nós esperamos, ultrapassa a nossa imaginação e controlo, mas não ao do Criador. Disse Jesus: “o céu e terra passarão mas as minhas palavras não hão-de passar. Porém, daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas unicamente meu Pai.” MT 24:35;36.
Estamos no advento, é o primeiro tempo do ano litúrgico e serve como preparação para a vinda de Cristo, ou seja o Natal, como também para o seu retorno.
A história da humanidade está dividida em dois grandes adventos, o termo em si significa: vinda ou chegada. O primeiro teve o seu início no Éden, quando Deus disse à serpente: “e porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente: esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” gn 3:15 e culminou com o anúncio do anjo aos pastores dizendo: “Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois na cidade de David, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo o Senhor.” Lc 2:10,11.
Desde a profecia proferida no jardim de Deus, até ao nascimento de Jesus, decorreram alguns milénios, o povo conhecia as escrituras assim como os mestres de Israel, pois não só Moisés como também profetas se referiram a tão espectacular evento, no entanto com o decorrer do tempo a esperança de um Cristo redentor se tornara apenas um elo cultural que unia um povo e o diferenciava dos demais povos, pois não somente Herodes como também toda Jerusalém perturbou-se, quando uns magos vindos do oriente perguntaram dizendo: “Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela e viemos a adorá-lo.” MT 2:2,3.
Agora a humanidade está a viver o segundo advento que teve o seu início no dia da ascensão do Senhor, disseram os anjos aos discípulos: “Varões galileus por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que de entre vós foi recebido em cima no céu, há-de vir, assim como para o céu o vistes ir.” AT1:11 e culminará quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, e se assentar no trono da sua glória.” MT 25:31.
Também já se passaram dois milénios e tudo continua como desde o princípio e até mesmo os cristãos mais devotos parecem ter esquecido a promessa, e o retorno do Senhor tornou-se uma crença em vez de uma esperança. Muitas vezes ignoramos isto: que um dia para o Senhor é como mil anos e mil anos como um dia. “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a tenham por tardia, pois não quer que alguns se percam senão que todos venham a arrepender-se.” II Pe 3:8,9.
Os especuladores com os seus prognósticos forjados levam pessoas mal informadas ao desespero e ao suicídio, a vinda do Senhor deveria ser encarada com o mesmo espírito da noite de Natal: “Não temais: pois eis aqui vos trago novas de grande alegria. Disse Jesus: Não se turbe o vosso coração: credes em Deus, crede, também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; vou preparar-vos lugar. E, se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também. Jo 14:1-3.
O pavor e o terror das coisas futuras não são para nós os que realmente cremos em Cristo, se tão somente perseverarmos até ao fim e lhe formos fiéis até à morte. Mas ai dos que blasfemam de Deus, praticam a iniquidade e rejeitam o bendito Filho de Deus, para os tais há um fogo eterno preparado, na companhia do diabo e seus anjos, onde haverá pranto e ranger de dentes.
Os sucessivos fiascos apocalípticos têm levado muitas pessoas ao cepticismo, se antes estavam confusas, agora sentem-se completamente baralhadas, a igreja tem um desempenho, preponderante a este respeito, mas em muitos casos, fala de uma verdade, como se fosse mentira, enquanto muitos proferem mentiras tão entusiasticamente, que até parecem verdades.
A expressão: o mundo só acaba para quem morre, é muito comum e aproxima-nos muito da realidade, está mais próximo de nós e não é difícil concluir que este fenómeno atingir-nos-á, no entanto é utópico pensar que só os seres vivos estão sujeitos a colapso de vida. Toda a criação teve um princípio e por causa do pecado terá um fim, mas isso não nos dá o direito de determinarmos os tempos e os dias e muito menos a ordem dos acontecimentos.
Fim do mundo, último dia, dia do juízo e dia do Senhor, são termos comuns nas sagradas escrituras, alguns deles proferidos pelo mestre da Galileia, neste Homem eu creio, porque na sua boca nunca se achou engano e a mentira não fazia parte da sua indumentária verbal.
Se pretendermos pensar em termos apocalípticos a sério, temos que imaginar algo superior ao simples extermínio do planeta terra, quando Jesus refere: “o céu e a terra passarão, isto tem a ver com uma destruição massiva de todo o universo, onde não haverá escapatória possível no que diz respeito a recursos humanos, mas não fiquemos alarmados porque nesse dia todo o verdadeiro cristão estará com o seu Senhor e todos estes acontecimentos serão apenas um espectáculo de pirotecnia de Deus para nós.” II Pe 3:10-12. Depois tudo será recriado novamente.
Os relatos bíblicos quanto ao fim de tudo, podem parecer ficção, mas têm o doce paladar da verdade e creio sem reservas em tudo o que as escrituras falam a este respeito, porque está longe de poder ser manipulado e especulado pela mente humana e servir os seus egocêntricos interesses, ao contrário disso é o Criador que age em favor daqueles que lhe são fiéis coroando-os com o dom de vida eterna.
Que este tempo do advento sirva para reavaliarmos a nossa fé, reflectirmos no verdadeiro sentido do Natal: Jesus nasceu, viveu, morreu e ressuscitou, por nós e para nós, e um dia amorosamente voltará para nós e por nós e nos levará para estarmos sempre com Ele na casa do Pai, onde há muitas moradas.

Depois de tudo isto é momento de fazermos coro com o velho apóstolo João: “Ora vem, Senhor Jesus.” Apoc 22:20.


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O massacre dos inocentes

Um dos episódios mais marcantes da Bíblia, é sem dúvida aquele que nos relata a tragédia que envolveu certamente centenas de crianças, que foram vítimas de autêntico massacre por parte de um homem ambicioso, sem escrúpulos, nem temor a Deus.
Uma simples criança causou tanto transtorno e perturbou não só um rei, como também uma cidade inteira. Como pode isto ser possível, quando afinal até conheciam as profecias e sabiam que o Cristo um dia havia de nascer? Herodes não tinha nada que temer em relação ao menino Jesus. Quando adulto, um dia disse Ele a Pilatos: “o meu reino não é deste mundo”.
Muitas vezes acontece, que conhecemos as escrituras e até os propósitos de Deus, mas quando Ele decide atuar, sentimo-nos incomodados, inseguros e também desconfortados na nossa rotina diária. O Senhor sempre desejou participar e ser cúmplice nas nossas vidas, no entanto gostamos muito mais de reinar sozinhos. Por isso muitos se tornam peritos em abortar tudo quanto lhes pareça uma ameaça e um estorvo, e não olham a meios para atingirem os seus fins.
Foi com muita tristeza que já participei em dois referendos nacionais para a despenalização do aborto, à segunda vez, finalmente foi conseguido o objetivo pretendido e hoje infelizmente o aborto no nosso país já não é crime.
Creio ter sido uma irresponsabilidade muito grande por parte dos nossos governantes o terem submetido vidas humanas indefesas sem qualquer tipo de recurso ou alternativa, ao julgamento de um povo moralmente e espiritualmente impreparado. Comportaram-se como Pilatos no lavar das mãos, mas por mais que as lavem estarão sempre manchadas de sangue inocente, a menos que o temor do Senhor se apodere deles e reconheçam a sua pecaminosa irresponsabilidade.
A lei portuguesa já contemplava três situações possíveis de aborto: gravidez de risco, má formação congénita e gravidez por violação. Já por si só estas contemplações estavam muito aquém de serem justas e coerentes. Suponhamos que uma jovem é violada, e apesar do trauma dessa relação decide levar a sua gravidez até ao fim, mas com o decorrer do tempo, algumas circunstâncias inevitavelmente lhe trazem à memória os fantasmas do passado, e todo o seu ser fica perturbado e não resiste à tentação de eliminar o ser resultante de um momento por demais desagradável. Esta mulher seria punida pelo rigor da lei e a sociedade a descriminaria por um ato tão cruel. O mesmo se passa com aquela mulher que concebe um filho com algum tipo de deficiência, a lei aprovaria um aborto, mas no entanto se eu tivesse um filho inválido que necessitasse de todos os cuidados e atenção e lhe quisesse pôr termo à vida por achar que era um encargo demasiado pesado para a família e a sociedade, a lei me condenaria como homicida. Pergunto onde estava a coerência e justiça da lei? Quem somos nós, criados à imagem de Deus, para decidirmos quem deve ou não fazer parte desta terra de viventes? Que diferença existe entre o ser que está no ventre materno e o outro que já anda por cá? Não serão ambos seres humanos apenas em fases de desenvolvimento diferentes?
Compreendo que muitas vezes as exigências da sociedade e as dificuldades da vida, nos levam a pensar e a tomar atitudes que apenas favorecem o nosso ego e comodismo. Não quero parecer intolerante com as jovens que são vítimas de violação e ficam grávidas, devido à sua pouca experiência de vida, as suas mentes se perturbam e caem no desespero, pois muitos dos seus sonhos se tornam irrealizáveis, são os estudos que ficam em causa, quem sabe uma carreira profissional brilhante ou até mesmo um casamento bem sucedido. Mas o que é tudo isto perante uma vida humana que é a imagem e semelhança do seu Criador.
Agora o que dizer daquela mulher portadora de uma gravidez de risco, é compreensível que fique apavorada e caia na tentação de abortar aquela vida que teima em pôr termo à vida dela. Neste particular quero homenagear aquelas mulheres que foram capazes de serem altruístas, verdadeiras heroínas, que no exercício da sua fé, desafiaram a própria vida, confiaram no seu Deus e provaram que por vezes a ciência também se engana, levaram a sua gravidez até ao fim e em alguns casos escaparam tanto mãe como filho, noutros enquanto o mundo recebia mais um filho, o céu recebia mais uma alma para fazer parte do coro celestial. Quero salientar que nestes casos é bom que não entremos em julgamentos precipitados, é melhor que antes experimentemos por um pouco calçar o sapato do outro, para podermos compreender o seu desespero e dificuldade em se adaptar ao desconforto e incómodo de uma situação não programada.
Infelizmente os atos de heroísmo caíram em desuso, fazem parte do passado, ainda me lembro de histórias que se contavam da guerra do ultramar, em que alguns militares, para que todo um grupo não fosse destruído, eles próprios se lançavam sobre minas e assim só eles morriam, mas todo o grupo ficava a salvo. Ainda hoje esses heróis são relembrados em algumas comemorações de estado. Creio que as mulheres que são capazes de trocar a sua própria vida, pela vida que está no seu ventre, são dignas de honra e admiração e são autênticos exemplos de fé e coragem, quando o egoísmo e o comodismo estão derrubando por completo os valores morais e espirituais, onde cada um só pensa em si próprio.
Neste mundo que se diz civilizado, na maioria dos casos prevalece a lei da selva, apenas os mais perfeitos, os mais fortes e os mais adaptados conseguem sobreviver, tudo o resto é para exterminar. Os animais para os quais Deus não estabeleceu qualquer tipo de código moral comportam-se com muito maior dignidade.
Com efeito é plenamente compreensível que todo o casal goste de ter todos os seus filhos fisicamente perfeitos, mas é de se realçar que muitos deficientes têm brilhado no mundo artístico, dão-nos autênticas lições de vida, e o mundo não seria o mesmo sem o seu contributo.
Quanto à antiga legislação, quero ainda salientar, quanta injustiça era praticada contra as mulheres que praticavam aborto clandestino, sem ser nos termos previstos na lei, (admito que até muitas o praticaram unicamente por sua conta e risco e nesses casos se fazia justiça), muitas delas foram obrigadas a abortar por pressões familiares, outras porque os maridos as instigavam e ainda outras porque os namorados não quiseram assumir a paternidade, todos eles foram cúmplices, mas só elas eram os réus, a este grupo ainda se pode juntar parteiras, médicos e curandeiros que davam todo o apoio técnico a todo este massacre, todos eles também eram cúmplices, mas somente elas iam para trás das grades.
Noutras situações, tanto os réus como os cúmplices eram punidos. Por que razão neste caso de horrendo infanticídio só a mulher mãe tinha de enfrentar toda a vergonha sozinha? Lamentavelmente a justiça humana é tão falsa como Judas, beija-nos o rosto e apunhala-nos as costas.
Hoje em vez de fazer-se justiça, legalizou-se um crime, já não se seleciona mais o alvo a abater, a vida humana na sua fase inicial não tem qualquer tipo de valor, desde que esteja no ventre materno é como intruso em propriedade alheia.
Chegou-se ao desplante em que a ciência está tentando avaliar a partir de que estágio de desenvolvimento o ser que está num ventre materno pode ser considerado um ser humano como se fosse possível em algum momento ser-se outra coisa.
Não quero chegar ao cúmulo de afirmar que um espermatozoide é gente, não tenho qualquer base bíblica nem científica que sustente tal ideia, mas a partir da conceção não adianta andarmos a especular sobre o assunto, Deus já lhe deu o estatuto de ser humano, está escrito no livro dos salmos: “Pois tu formaste o meu interior, tu me teceste no seio da minha mãe. Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem; os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda”.
A prática do aborto é o crime cometido com o mais elevado grau de covardia, atentamos contra a vida de seres humanos que não têm qualquer forma de se defenderem, e no único sítio onde deveriam sentir-se protegidos e seguros, que é o ventre materno, tornou-se para eles altar de holocausto.
A questão do aborto tornou-se assunto polémico e para tanto chegou-se a realizar debates televisivos onde tanto teólogos como os elementos pró-vida saíam quase vergonhosamente derrotados por não possuírem argumentos nem convicções convincentes. Para assunto de tão elevada importância não basta filosofia humanista aparentemente piedosa nem a teologia de indivíduos cujo Deus em que dizem acreditar, na realidade parece não fazer parte do cardápio de suas vidas.
Não estou preocupado com as práticas imorais cometidas por pessoas ou comunidades não cristãs, que não reconhecem o cristianismo como a única religião verdadeira, nem o Deus Pai de nosso Senhor Jesus Cristo como único criador e sustentador de todas as coisas tanto visíveis como invisíveis. Quanto a esses, Deus no dia do juízo encarregar-se-á de os julgar. Mas nós os que confessamos o bom nome de Cristo, espera-se no mínimo que sejamos coerentes com a fé que possuímos. É da nossa responsabilidade proteger e defender a vida, quer seja a nossa própria, assim como a do nosso próximo mesmo que ainda esteja dentro de um ventre materno.
Também não estou preocupado com as vítimas do aborto, mesmo sabendo que inconscientemente elas sentem as horrorosas atrocidades que lhes são infligidas no ventre materno. Quanto a elas já estão ao cuidado do bondoso Deus.
Agora preocupo-me com o povo português que na sua esmagadora maioria confessa-se cristão e em referendo legalizou um crime. Está-se aproximando o Natal, daqui a pouco estamo-nos preparando para festejar o nascimento do menino de Belém, creio que é tempo de ponderarmos e reconsiderarmos a irresponsabilidade dos nossos atos e pensarmos na possibilidade de se revogar a lei mais impiedosa que já alguma vez se aprovou. De ateus e pagãos pode-se esperar tudo, mas de cristãos, Deus espera muito mais, as boas obras que acompanham a salvação.
Deus na sua misericórdia dá-nos um tempo, somos por natureza filhos da ira, nascidos em pecado, destituídos da sua glória. “Mas agora, em Cristo Jesus, nós, que antes estávamos longe, já pelo sangue de Cristo chegamos perto. Porque ele é a nossa paz … na sua carne desfez a inimizade,… para criar, em si mesmo, um novo homem, aniquilando nossa velha natureza, e, pela cruz nos reconciliou com Deus”. Ef 2:13-16.
O Deus de que nos relata as escrituras não é um tirano como muitos o pintam, nem um ditador, mas também não é uma marioneta para que possa ser manipulado ao capricho de cada um. Ele não necessita de que nós criamos nele para subsistir, é auto existente mesmo antes da criação de todas as coisas. Quanto a nós, se não for a sua misericórdia somos menos que nada.
Sei que estou a ser talvez demasiado longo na minha abordagem, mas com este assunto não consigo economizar palavras.

Alerta-nos ainda o Senhor: “Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda. Eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra…Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idolatras, e qualquer que ame e comete a mentira. Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas”. Apoc 22:11-16.