Certo dia, perturbado com as minhas inquietações, consultei o
sábio mestre, perguntando-lhe o que ele entendia por silêncio e invisibilidade.
Olhou-me nos olhos como quem vê o que está para além da linha do horizonte, e
respondeu-me com duas intrigantes perguntas, dizendo: “Meu filho, quantos
surdos conseguem entender aquilo que não queres ouvir? E quantos cegos
conseguem enxergar o que não queres ver?” Simplesmente emudeci, e pude perceber
que a autopiedade e o egocentrismo, muitas vezes nos impedem de ver a miséria
que nos rodeia, e de ouvir o clamor dos que sofrem mais do que nós.
"E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja baptizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe; a tantos quanto Deus, nosso Senhor, chamar." Actos 2:38,39
quarta-feira, 28 de maio de 2014
sexta-feira, 23 de maio de 2014
O Homem, também, é carne
“Não contenderá o meu Espírito para sempre com o Homem;
porque ele, também, é carne.” Gn 6:3
Consultei diferentes versões da Bíblia, sobre este texto das
sagradas escrituras, mas o meu favoritismo recaiu sobre a versão revista e corrigida
de João Ferreira de Almeida, não por causa do tradutor em si, mas sim pela
abordagem detalhada das duas naturezas que compõem o ser humano. Não sou da
opinião que a diferentes versões bíblicas, se opõem ou se contradizem, mas
creio que algumas são mais claras e outras mais completas em seus textos, sem
no entanto adulterarem o contexto geral do Livro Sagrado.
Para além do termo carne, também se referir à nossa realidade
física, regra geral ele aparece na Bíblia, no sentido de que o ser humano tem uma
inclinação natural para o mal, ou simplesmente significa fragilidade, conforme
afirma Jesus: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação: na verdade, o
espírito está pronto, mas a carne é fraca.” MT 26:41. Também no livro dos
Salmos lemos o seguinte: “Mas Deus, que é misericordioso, perdoou a sua iniquidade,
e não os destruiu; antes, muitas vezes desviou deles a sua cólera, e não deixou
despertar toda a sua ira. Porque se lembrou de que eram carne, um vento que
passa e não volta.” Sl 78:38, 39.
O texto bíblico de referência deixa bem claro o desalento do
criador, a sua decepção em relação ao Homem que criou chegou ao extremo, e ao
olhar para ele, somente via que a maldade se multiplicava, e que toda a
imaginação dos pensamentos do seu coração era só má continuamente. E
arrependeu-se de haver feito o Homem, e isto pesou-lhe em seu coração. Gn 6:1-6
Até então, segundo os registos bíblicos genealógicos, a média
de vida do ser humano era muito alta, muitos homens viveram mais de novecentos
anos, sendo Metusala o recordista, o qual era filho de um homem que se destaca
em toda a genealogia pela sua breve existência, Henoch, apenas 365 anos, e não
havendo registo da sua morte, dele está escrito o seguinte: “E andou Henoch com
Deus; e não se viu mais; porquanto Deus para si o tomou.” Gn 5:24. Certamente
este homem não conseguia enxergar mais nada na vida, ao ponto de Deus concluir
que seria uma perca de tempo esperar que ele morresse, e assim permitiu que Henoch
caminhasse com Ele até que se perdeu de vista. Algo de semelhante, também se
passou com o profeta Elias muitos anos mais tarde. II Reis 2:1-11
Algo leva-me a pensar que a longevidade do ser humano era uma
tentativa do criador, no sentido de que o homem tivesse tempo para se redimir,
ou no mínimo ter a mesma atitude de Henoch, que não desgrudava do seu Senhor e
alcançou testemunho de que agradara a Deus. Hb 11:5.
Agora sobre o texto inicial, importa realçar, que a maioria
das traduções só transmite uma ideia, por exemplo: “Meu Espírito não
permanecerá no Homem, pois ele é carne.” – Bíblia de Jerusalém. Não vou
proteger o Homem por muito tempo. Ele é mortal.” – Versão ecuménica. “O meu
Espírito não permanecerá indefinidamente no Homem, pois o Homem é carne.” –
Missionários capuchinhos, edição de 1978. “O meu Espírito não continuará a ser
desonrado pelo Homem, visto que todo ele é mau.” – O Livro – a Bíblia para
Hoje, etc.
Aqui neste texto, João de Almeida destaca-se, através dos
detalhes do seu texto dizendo: “Porque ele, o Homem, também é carne. E assim
surge a dupla ideia de que o Homem não é somente carne.
Também no evangelho de S. Mateus, Jesus transmite-nos a mesma
ideia: “E tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; e,
chegando-se a ele o tentador disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas
pedras se tornem em pães. Ele porém respondendo disse: Está escrito: Nem só de
pão viverá o Homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.” MT 4:2-4
A nossa realidade física não deve ser subestimada, no entanto
é passageira e de pouco sentido se negligenciarmos a nossa realidade
espiritual.
Muitas vezes devido à nossa ignorância, fazemos afirmações
como esta: o mais importante é ter saúde! Pois sem ela não se pode trabalhar,
se não trabalharmos, não produzimos, se não produzimos, também não colhemos, se
não colhemos, não temos alimento, e sem alimento o corpo debilita-se e adoece,
e assim torna-se um ciclo vicioso, como se fôssemos um cachorro correndo atrás
do seu próprio rabo, andando em círculos contínuos sem nunca sair do mesmo lugar.
Através da sua experiência no deserto, Jesus dá-nos um choque de lucidez, Ele
também era homem sujeito às mesmas carências e tentações que todos nós. Hb 4:15
E mesmo assim ao fim de quarenta dias de jejum só pôde reconhecer que o único
alimento do qual o Homem não pode prescindir, é toda a palavra que sai da boca
de Deus.
Duvido muito que certos cristãos levem isto a sério,
trabalha-se seis e a sete dias na semana, quase nunca se põe os pés numa
igreja, lêem-se muitos livros, jornais e até certas revistas de conteúdo
duvidoso, mas a Bíblia despreza-se e por causa disto se fazem outras
afirmações, como por exemplo: o que está para lá da morte é um mistério que
ninguém sabe, muitos já partiram deste mundo, mas nunca nos vieram trazer
notícias do outro. Nem é de estranhar que assim se pense, pois o único livro
que fala com verdade do que se passa para além da fronteira da morte é a
Bíblia, não pode nem deve ser ignorada, não deve ser apenas um objecto
decorativo preenchendo um lugar vago nas nossas bibliotecas privadas, que de
quando em quando se pega nela apenas para limpar o pó.
Através do seu servo Moisés, Deus fala ao seu povo de Israel
o seguinte: “Ouve, Israel, o Senhor, teu Deus, é o único Senhor. Amarás, pois,
o Senhor, tem Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o
teu poder. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as
intimarás aos teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando
pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua
mão e te serão por testeiras entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais
da tua casa, e nas tuas portas.” Deut 6:4-9
Por tudo isto, só podemos concluir que a palavra de Deus é
alimento completo e integral, espiritualmente aconselhável a todas as idades,
deve ser habilmente regurgitada aos nossos filhos, como poesia deveria fluir
dos nossos lábios, quer no aconchego dos nossos lares, quer caminhando ou
trabalhando. Como a brisa da noite conforta-nos ao deitar, quando nos
levantamos é estimulante como o orvalho da manhã. Transforma o nosso egoísmo em
gestos de amor e solidariedade e no nosso semblante aumenta o brilho do nosso
olhar.
Nos umbrais das nossas casas e nas suas portas, a palavra do
Senhor, deveria ser gravada, para que dela nunca nos esquecêssemos, nem das
misericórdias do nosso Deus.
O Homem não é somente carne, por isso carece de toda apalavra
que sai da boca de Deus.
Disse H. Greeley: “É impossível escravizar mental ou socialmente
um povo que leia a Bíblia.”
quarta-feira, 7 de maio de 2014
O Clamor de Deus
Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas
grandes e firmes, que não sabes. Gr 33:3.
As posições parecem terem-se invertido, o povo já não mais
buscava a Deus para obter misericórdia e orientação, mas é o Senhor que através
do profeta Jeremias, incentiva o povo a reconsiderar a sua situação espiritual,
clamando para que o busquem, porque quer anunciar-lhes coisas grandes e firmes
que eles desconhecem.
Por mais que me esforce, a frustração de Deus em relação ao
ser humano, está para além da minha compreensão, pois ela é imensa, pois já
nada era mais como no princípio, o ser criado adulterara por completo os seus
propósitos. O Todo Poderoso ao concluir a sua obra disse: “Eis que tudo é muito
bom.” Gr 1:31.
Na verdade tudo se relacionava na perfeição, a harmonia
existente entre criador e criatura era tal que nem se percebia a diferença
entre os seres, na realidade o ser criado era conforme a imagem e semelhança
daquele que o criou. Mas certo dia aquela rotina amistosa e paradisíaca foi
quebrada, e o caus instalou-se, porque uma voz estranha se fez ouvir no Éden,
que ardilosamente levou os nossos antepassados a transgredirem a ordem do seu
Deus, e aquilo que a princípio parecia agradável aos olhos e desejável para dar
entendimento, fez com que os nossos primeiros pais temessem Aquele que os amava
acima de toda a criação. Aqui pela primeira vez o criador sentiu a frustração
de um encontro anulado e a necessidade de perguntar: “Adão onde estás?”
Ao longo de toda a história, Deus sempre se empenhou em
estabelecer um relacionamento amistoso com o ser humano, e estou certo de que o
seu empenho não ficou limitado à era Bíblica, ele estende-se até nós e na
oração que Jesus ensinou (o Pai nosso), fica claro que a mais soberana
demonstração daquilo que Deus pretende, é um relacionamento íntimo, contínuo e
com direito de exclusividade.
O clamor de Deus, vem muito a propósito para o nosso tempo,
estamos a viver tempos difíceis a todos os níveis, o mundo parece ter entrado
num beco sem saída e clama por uma resolução que o liberte. Disse G. Washington:
“é impossível governar corretamente o mundo, sem Deus e sem a Bíblia.”
Estão-se a esgotar todas as hipótese e soluções, o mundo não
sabe mais para que lado se virar e à semelhança daquilo que aconteceu no tempo
do profeta Jeremias, Deus certamente está a procurar alguém que pratique a
justiça e busque a verdade para que possa usar de misericórdia e perdão e assim
revelar a sua grandeza, mas infelizmente muitas vezes só o buscamos como último
recurso, ou para proveito próprio.
Não são raras as vezes em que a Santa palavra de Deus nos
adverte seriamente para que sejamos modestos no que diz respeito às coisas
concernentes a esta vida. Disse Jesus: “Não andeis cuidadosos, quanto à vossa
vida, mas buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça e todas as coisas vos
serão acrescentadas. MT 6. Mas no que respeita às coisas espirituais e
verdadeiras, incita-nos a que nos cheguemos a Deus com confiança dizendo: “Pedi
e dar-se-vos-á, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á; porque qualquer que
pede, recebe e quem busca acha; e a quem bate, abrir-se-lhe-á.” Lc 11:9,10.
“Buscai ao Senhor, enquanto se pode achar, invocai-o enquanto
está perto, porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os
vossos caminhos os meus caminhos” – diz o Senhor. “Porque, assim como os céus
são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos que os
vossos caminhos e os meus pensamentos mais altos que os vossos pensamentos.” Is
55:6-9.
Mas no entanto o ser humano é propenso a inverter as
prioridades. Certo dia reclamou Jesus daqueles que o seguiam dizendo: “Na
verdade me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque que comestes do pão
e vos saciastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que
permanece para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque a este,
o Pai, Deus, o selou.” Jo 6:26, 27.
O contexto histórico em que Jesus viveu, era caótico, o povo
Judeu havia perdido a sua identidade como nação, pois estava sob o domínio
romano, já havia alguns séculos que estavam sem profeta, os líderes religiosos
haviam-se corrompido e dividiam-se em algumas fracções, cada qual pensando e
interpretando as escrituras segundo as suas conveniências, por isso até mesmo o
povo não conseguia enxergar algo mais do que o ventre, estabilidade política,
económica e social.
Jesus veio mesmo a propósito, parecia ser mágico,
multiplicava pães e peixes, transformava água em vinho, curava todo o tipo de
enfermidades, expulsava demónios e ressuscitava mortos, o que mais poderiam
desejar, a não ser que ele fosse coroado rei e tudo seria perfeito. Até mesmo
dois dos seus discípulos estavam tão entusiasmados, que queriam sentar-se, um à
direita e outro à esquerda de Jesus no seu reino.
Para nós seres humanos, na verdade, os milagres, as curas, as
expulsões demoníacas e as ressurreições, são coisas grandes e até devemos
considerá-las e estar gratos e louvar o criador por tudo isso, mas para Ele,
todas estas coisas são pequenas e temporais, porque os seus pensamentos e os
seus caminhos são muito mais excelsos.
Actualmente muitos cristãos, infelizmente, pouco divergem do
antepassado povo Judeu contemporâneo do Mestre da Galileia. O que os motiva
quando se deslocam aos sumptuosos santuários, para além de se invocar outros
deuses que não o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo? Com que objectivo alguns
procuram centros de ajuda espiritual e outros curandeiros e bruxos? Certamente
coisas demasiado pequenas e temporais. Dá-se ouvidos a outras vozes e não se
consulta a Santa Bíblia. Busca-se muito mais o proveito próprio do que a
glórias do Altíssimo Deus.
“Clama a mim e responder-te-ei”, é uma promessa também válida
para os cristãos de hoje, se tão somente formos capazes de praticar a justiça e
buscar as verdades eternas. Infelizmente na maioria dos casos somos religiosos
frustrados, contentando-nos com as míseras migalhas que o inimigo oferece
disfarçado de anjo.
Apropriadamente escreve o apóstolo Tiago: “Cobiçais e nada
tendes, e nada tendes porque nada pedis; pedis e não recebeis, porque pedis
mal, para o gastardes em vossos deleites.” Tg 4:2,3.
Coisas grandes e firmes são aquelas que o olho não viu, e o
ouvido não ouviu e que jamais subiram ao coração humano, essas mesmas são as
que Deus preparou para aqueles que o amam. “Porque nos são reveladas pelo seu
Espírito que penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.” I Cor
2:9,10.
A sua avaliação não pode estar sujeita ao critério dos
homens, mas unicamente ao padrão Divino.
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