A Bíblia Sagrada é o livro de Deus. Embora a assinatura do
seu Autor não se faça constar no exterior de sua capa, no seu interior lemos o
seguinte: “Nenhuma profecia da Escritura sagrada é de particular interpretação.
Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens
santos de Deus falaram, inspirados pelo Espírito Santo.” II Pedro 1:20, 21.
Não deve ser lido como um livro comum, especialmente pelos
cristãos. Seu conteúdo é sagrado, não é fruto da imaginação humana, mas sim a
expressa vontade de Deus.
O seu texto é puro, é completo e perfeito, não tem lacunas
nem contradições. Interpreta-se a si próprio, sem que seja necessário outra
literatura auxiliar, pois sua linguagem é espiritual e só pode ser entendido
com o auxílio do Espírito Santo, comparando coisas espirituais com as
espirituais. Procedendo de outra forma incorre-se em engano e grave erro.
Neste santo livro, o dócil cristão, sacia sua alma,
encontrando nele ânimo e razão para esta vida e a garantia de que a morte não é
o fim de tudo, mas apenas de uma etapa, sendo a ressurreição um facto para todo
aquele que segue fielmente a Jesus Cristo.
Apesar de a Bíblia ter sido escrita por vários escritores em
diferentes épocas e com os mais diversos níveis de cultura, o seu único autor é
o Deus Altíssimo e deve ser entendida como um todo e não como uma manta de
retalhos. Sua divina inspiração, a torna palavra viva e portadora de vida que
transcende os limites da morte.
Todo o cuidado é pouco, para sua correcta interpretação, é
necessário que se observe algumas regras simples e básicas, pelas quais nos
devemos reger, para que não surgem dogmas e heresias que afrontam o Deus
Todo-Poderoso.
Infelizmente este tesouro precioso, muitas vezes tem andado
em mãos erradas, de homens sem escrúpulos, que fazem dela uso e abuso, apenas
para proveito próprio, mas os tais não ficarão impunes, pois o Senhor vela pela
sua palavra.
O livro de Deus, contém narrativas que nos transcendem e como
nossa mente não as consegue conceber, parecem-nos histórias mitológicas,
especialmente o relato da criação de todas as coisas. Alguns teólogos têm
enorme dificuldade em aceitar literalmente tais factos e quando estão perante
evolucionistas vacilam, dizendo que o que está escrito em génesis, é apenas uma
tentativa de explicar como terá sido o início de todas as coisas. Uma atitude
assim seria aceitável, se o autor das escrituras sagradas se chamasse António
Barcelos, pois ele não é Deus e como tal, somente tentaria arranjar alguma
explicação lógica, que no mínimo pudesse justificar nossa existência.
A grande relutância em relação ao livro sagrado, creio que
não consiste no facto de ele ser dificultoso de se entender, mas sim em o
aceitar como verdade absoluta.
Alguém disse: “a Bíblia não necessita de grandes teólogos
para a interpretar, mas sim de uma criança para a aceitar.” Na verdade isto é
uma forma de simplificar a coisa, mas não deixa de ter o seu quê de verdade.
Ao escrever os meus textos preocupo-me especialmente, com
aqueles que são cristãos, pois gostaria que todos nós fôssemos unânimes, de um
mesmo parecer, crendo uma mesma coisa, apesar das diferenças denominacionais.
Há um só Deus, o Pai de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo,
sendo a sua santa palavra a Bíblia, a qual foi escrita por homens inspirados
pelo Espírito Santo. Não é um livro de fábulas nem de histórias de encantar,
nele tanto está registado os grandes feitos do Senhor através dos seus servos,
assim como os pecados e fraquezas dos mesmos.
Para um bom e correcto entendimento das escrituras, jamais
devemos isolar trechos do seu contexto, isso pode alterar todo o seu sentido.
Também não devemos tentar dar uma outra explicação a determinada afirmação
bíblica, quando nossa razão e lógica não a aceita, todo o nosso entendimento deve
estar subordinado ao entendimento de Cristo e ao Espírito de verdade que
procede do Pai e do Filho, pois somente ele está qualificado para nos instruir
em toda a verdade e relembrar tudo aquilo que por Cristo já foi falado, a ele
também cabe a tarefa de convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo.
O livro de Deus, é um livro espiritual, com linguagem
espiritual e que trata de assuntos espirituais, mas reais, que somente quem é
espiritual os consegue entender, porque os mesmos se discernem espiritualmente
e usar outro tipo de literatura ou conhecimento como auxiliar para o
interpretar, pode ser benéfico, mas também muito perigoso. Certo dia assisti ao
lançamento de um livro de teólogo conceituado, que fez uso de mitologias pagas,
para tentar explicar determinadas narrativas bíblicas concernentes ao
nascimento e infância de Jesus, que segundo ele, apenas constam para dar um
sentido religioso ao evidente e incontestável facto, que é o nascimento de
Jesus, quando na verdade deveria proceder ao contrário, fazer uso das
escrituras sagradas para poder compreender o estado lastimável em que vive toda
a humanidade.
O grande livro de Deus, está dividido em duas partes
distintas: Velho Testamento e Novo Testamento, não podemos aplicar o que lá
está escrito de qualquer maneira, temos que saber fazer distinção entre lei e
evangelho, entre lei cerimonial e lei moral, qual o propósito de ambas e o seu
enquadramento. Não basta pregarmos dizendo “está escrito”, é necessário
sabermos porque está escrito. A igreja de Cristo deveria ser uma autêntica
escola, onde todos deveriam chegar a ser mestres. Escreve S. Paulo a Timóteo:
“Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá.” I Tm 4:13. Também noutra
epístola está escrito: “Porque, devendo já ser mestres, pelo tempo, ainda
necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos
das palavras de Deus, e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não
de sólido mantimento.” Hb 4:12. Com tudo isto quero dizer, que os cristãos
deveriam ser uma comunidade de pessoas instruídas. Mas infelizmente o
analfabetismo espiritual supera em grande escala o analfabetismo secular.
Vêem-se mais condutores cegos a guiar estupidamente outros
cegos, do que alguém com um rasgo de luz que possa guiar o rebanho do Senhor
nas veredas da justiça e da verdade.
Gostaria agora de debruçar-me um pouco sobre o apocalipse,
livro este que encerra as escrituras sagradas. É um livro complexo de se
entender, todo ele foi escrito em código para poder circular dentro do império
romano da época e só os cristãos da altura o entendiam. No nosso tempo tem sido
muito especulado, e interpretado em alguns pontos literalmente e isoladamente,
o que tem levado muitos a deturparem sua mensagem. Para bem se entender este
livro é necessário conhecer-se bem as suas simbologias: existem números
simbólicos, figuras simbólicas, cores simbólicas, animais simbólicos, medidas
simbólicas, etc. Para além de tudo isto ele tem que se encaixar harmoniosamente
com o restante das escrituras e interpretado por elas, caso contrário a
verdadeira mensagem bíblica fica comprometida.
Com relação ao livro de Génesis, em especial do capítulo 1 ao
capítulo 3:19 passa-se o oposto, o que ali está contido, só pode ser entendido
de forma isolada, pois trata-se de uma outra realidade, onde tudo era perfeito,
não havia a mácula do pecado, no relacionamento entre Deus e homem não havia
qualquer tipo de obstáculo.
Se não tivermos isto em conta, acabamos por ter uma ideia
irreal de quem é Deus e de interpretarmos de forma simbólica aquilo que devemos
levar á letra.
Neste presente texto, não pretendo desvendar os mistérios ou
enigmas que compõem estes dois magníficos livros, um começa e o outro encerra o
grande livro de Deus, mas certamente, no futuro terei oportunidade para o fazer.
Minha preocupação presente, é de que o leitor possa ter o
mínimo de informação e conhecimento de como interpretar as escrituras sagradas
e de como julgar aquilo que escrevo, pois também sou humano e por isso mesmo
falível, não pretendo ser mais um deturpador do livro de Deus, mas o correcto
conhecimento do mesmo, corrigirá nossas mentes e vidas deturpadas. Escreveu
também S. Paulo: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela
renovação do vosso entendimento, para que experimentais qual seja a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus.” Rom: 12:2. Isto só pode acontecer se
fizermos do livro de Deus uma prioridade em nossa vida.
Não basta crermos em Deus, os demónios também o creem e
estremecem, no entanto estão condenados. A Bíblia não contém coisas importantes
para a nossa salvação e outras menos importantes para a mesma, toda ela foi
escrita para a nossa salvação e por causa dela, é necessário que conhecemo-la
bem e que tenhamos o conhecimento correcto do seu Autor e de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo.
Gostaria agora, de apenas levar o leitor a considerar mais
alguns pormenores, para que ao estudar a Bíblia possa ter o melhor
aproveitamento. Lamento dizê-lo, mas é útil que o faça, apesar de a Bíblia ser
a santa palavra de Deus, temos que ter cuidado, com o tipo de Bíblia que
possuímos.
Existem Bíblias para todos os gostos: Bíblia de estudo,
Bíblia do líder cristão, Bíblia do líder pentescostal, Bíblia da mulher, etc.
Não condeno o texto que é divinamente inspirado, mas contém
comentários que na maioria dos casos são autêntico veneno. É preferível possuir
uma Bíblia simples, um bom dicionário da língua em que nascemos e também se
possível uma concordância bíblica. A par disto, a oração é um bem essencial e o
auxílio do Espírito Santo.
Também é imperioso que se tenha todo o cuidado com
alguma literatura dita cristã, apesar do carisma dos seus autores, seu conteúdo
está viciado. Vivemos tempos difíceis, consequência da liberdade religiosa, os
falsos profetas se têm multiplicado e arrastado multidões para as trevas,
usando o bom nome de Cristo e o Santo livro de Deus. É urgente que usemos de
prudência como aqueles habitantes de Bereia, que ao ouvirem Paulo e Silas
pregar, a cada dia examinavam nas sagradas Escrituras se aquilo que diziam era
mesmo assim. Actos 17:11.
Sem comentários:
Enviar um comentário