quarta-feira, 25 de março de 2015

Sinfonia no calvário

A agitação e a euforia cessaram, reinava agora um ensurdecedor silêncio. Todos estavam expectantes ao ouvirem os últimos sons de martelo sobre cravos, que iriam marcar o ritmo da mais bela sinfonia, que já alguma vez, se conseguiu escutar sobre a face da terra.
O palco fora montado no monte calvário, e o grande maestro, estava no alto de uma tribuna, de braços abertos e coroado de forma singular. O seu entusiasmo era visível através de grossas gotas de suor e sangue que se misturavam através do seu rosto, estava tão ansioso por causa do desenrolar dos acontecimentos. Ele mesmo era o executante, conhecia e manejava com perícia todo o tipo de instrumentos.
Na sua pauta, simplesmente havia lugar para a clave do amor, e a nota predominante era o perdão, todas as outras se lhe seguiam naturalmente por toda a escala, sem um único desafino.
Nunca se ouvira em toda a terra tão bela melodia, o chão tremeu e o céu se comoveu, até os mortos saíram dos seus sepulcros para a ouvir.
Por fim o grande maestro, bradou com grande voz e exaustão, expirando, inclinou a cabeça em sinal de vénia, perante todos aqueles que o observavam. Desceram-no em braços, partira para o seu Pai, com a promessa de um dia voltar.


Feliz Páscoa